Emprego, inflação, reformas, retomada da economia. A continuidade de conquistas econômicas, como a aprovação da reforma da Previdência, deve ser o foco para 2020. Contudo, algumas dúvidas pairam quanto à seguridade de constância que o governo passará para que seja aprovada com sucesso sua agenda de reformas.
“Será que esse governo terá condição de fazer as reformas necessárias? Quanto das reformas vão sobreviver e desidratar após todo esse processo reformista? Essa é a grande incógnita do governo para 2020”, aponta Fernando Botelho, professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP, em entrevista ao Jornal da USP no Ar.
Após recessão de 2015 e 2016, a leve guinada econômica iniciada no governo Temer permitiu que o momento econômico do governo Bolsonaro fosse favorável para a permanência da aprovação de reformas. Para este começo de ano, a dúvida é como será o encaminhamento das reformas que o governo enviará ao Congresso. Botelho lembra da PEC emergencial, que serve para o governo conter despesas, como sendo uma proposta importante. Além da reforma administrativa, considerada difícil, pois vai trazer mudanças em setores muito bem estabelecidos dos servidores públicos.
“A reforma tributária trará uma redistribuição da carga tributária e vai fazer muitos inimigos”, diz o economista. Considerando a dificuldade de aprovação, o interesse de setores que se dirão prejudicados, Botelho traz luz a possíveis campanhas de desinformação para desestabilizar a reforma. Em contrapartida, ele diz que o governo vai ter que fazer uma campanha estratégica para esclarecer a sociedade. “No trâmite da reforma da Previdência, desde o governo Temer, isso foi feito de forma relativamente competente pelo atual governo, de forma que o desgaste político daqueles que aprovaram a reforma não foi grande. A sociedade entendeu a necessidade da reforma.”
Para Fernando Botelho, o desemprego tem uma expectativa de redução bastante gradual, muito por causa da retomada da economia e crescimento ainda ser modesto. Segundo ele, os juros possivelmente vão ser reduzidos um pouco mais, visto que a retomada é baseada no setor privado, que vê um momento virtuoso de continuidade de reformas. “O governo e o Legislativo não podem se acomodar. Se pararmos por aqui, rapidamente a inflação e os juros podem aumentar e voltaríamos para o cenário de recessão de 2015 e 2016. A gente precisa continuar essa trajetória de reformas, não dá para parar.”
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