Incentivar a preservação ambiental deve ser a premissa para atuação das companhias de abastecimento de água e tratamento de esgoto, já que os mananciais estão ameaçados com os problemas crônicos do Brasil na área de saneamento básico. Para tal, será crucial que se invista, por exemplo, na recuperação de mananciais com programas de preservação ambiental, que ajudará na universalização brasileira do acesso ao saneamento básico de qualidade.
Pelo histórico, esse investimento não é o que acontece. Wanderley da Silva Paganini, professor da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, calcula que para atingir essa universalização seria preciso investimentos ininterruptos de R$ 20 bilhões por 15 anos. “Na verdade, o Brasil investe R$ 10 bilhões, sendo que R$ 4 bilhões são apenas da Sabesp”, revela.
Com forte abertura do governo Bolsonaro para a iniciativa privada atuar em futuros editais de concessões, Paganini tem medo de que esta olhe o saneamento no ponto de vista do lucro. Como consequência, a população em geral, que seria desfavorecida tanto pelo não fornecimento adequado quanto desabastecimento em si. Mas ele também pondera ao dizer que todos os esforços são bem-vindos na proteção dos menos favorecidos. “Não dá para fazer mais testes e experiências. Temos que abastecer, coletar e tratar adequadamente os esgotos e proteger os mananciais.”
“Perder manancial significa gastar dinheiro sem necessidade, significa perder qualidade de vida: é uma relação direta”, explica o professor, que também é superintendente de Gestão Ambiental da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). Ele também diz que “não é pecado ter lucro no saneamento. É pecado o saneamento não ser disponibilizado para todos”. Segundo o professor, o modelo misto de gestão seria o mais adequado, como ocorre com a Sabesp que possui ações do governo de SP e da iniciativa privada na Bolsa de Valores.
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