Acompanhe a entrevista do jornalista Fabio Rubira com o professor Robert Sean Purdy (Departamento de História da USP):

O presidente dos EUA, Donald Trump, assinou na quarta-feira (25) decreto presidencial que prevê a construção de um muro na fronteira com o México, cumprindo assim uma de suas promessas de campanha. O muro deverá ter 3.200 km e – pelo menos está nos planos do presidente, embora as autoridades mexicanas rejeitem – será pago pelo México, a um custo estimado em US$ 8 bilhões.
Ao comentar o fato para a Rádio USP, o professor Robert Sean Purdy, do Departamento de História da Universidade de São Paulo, considerou-o um ato bizarro e racista, mas admitiu que Trump conseguiu galvanizar um sentimento anti-imigrante, presente em certas parcelas da sociedade norte-americana, dentro de uma política mais ampla de estigmatizar imigrantes, estejam eles em situação legal ou ilegal nos EUA.
O professor Purdy diz que os imigrantes contribuem para movimentar a economia norte-americana, mas que isso pouco parece importar para Trump, o qual preferiu optar por dar continuidade à política anti-imigração, já adotada por Barack Obama nos últimos anos. Sobre o desejo já manifestado de cobrar o México pela construção do muro, o professor acredita que o presidente recém-empossado enfrentará críticas de setores da economia, além da mobilização de movimentos sociais contrários à medida.
Purdy chama de bizarra a política de Trump, o qual, a seguir nessa toada, corre o risco de acabar perdendo apoio de seus próprios eleitores. Se, apesar de tudo e contra todos os prognósticos, o muro de fato for construído, “será uma mancha na relação entre países” , um atentado ao bom senso e uma agressão aos direitos humanos.