A educação infantil, principalmente até os três anos, é crucial para o desenvolvimento da criança. Mas a interferência de questões atuais, como o uso da tecnologia e o ensino domiciliar, preocupa tanto pais quanto educadores. Para discutir esse tema, o USP Analisa traz nesta semana a pesquisadora e professora emérita da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP, Maria Clotilde Rossetti Ferreira.
A importância da educação nos primeiros anos de vida, segundo Clotilde, se reflete inclusive na economia. “Os economistas andam, inclusive os Prêmios Nobel, avaliando como o investimento, até mesmo no nível de 0 a 3 [anos] conta enormemente, porque é a época em que a criança tem o maior desenvolvimento. As neurociências estão mostrando que a criança tem um maior desenvolvimento neste período. Então investir nessa fase de desenvolvimento, sobretudo nos primeiros anos de vida, é um lucro certo. Apesar disso, acho que é importante pensar que a sociedade é responsável pelos seus cidadãos e deve assumir a educação dos seus futuros cidadãos oferecendo a eles uma educação de qualidade e oportunidades iguais a todos desde o início da vida”.
A pesquisadora destaca ainda que a Base Nacional Comum Curricular trouxe contribuições positivas, apesar de ainda necessitar de um aperfeiçoamento. “Em todas as outras idades, o ensino é dado por áreas. Você tem as linguagens, matemática, é todo por áreas. Conseguiram romper isso na educação infantil e fazer áreas de experiências, colocando a brincadeira como algo central. Eu acho que ela pode ser aperfeiçoada, mas não é só ela. Agora tem que ir para as instituições, que vão ter que se apropriar dela e serem capazes de traduzir na sua prática. Esse é o grande desafio, no meu entender, nesse momento: trazer isso que está posto lá para um país tão diverso como é o nosso”.
O USP Analisa é uma produção conjunta da Rádio USP Ribeirão Preto (107,9 MHz) e do Instituto de Estudos Avançados Polo Ribeirão Preto (IEA-RP) da USP.