O programa Ambiente É o Meio desta semana conversa com a bióloga Bruna Quirici Urbanski, graduada pela Universidade Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp) de Botucatu, sobre a ingestão de plásticos por peixes de rios de água doce, especificamente o curimbatá.
Bruna realiza pesquisas em torno da degradação de recursos hídricos, como rios de água doce, e como isso afeta os componentes desses ecossistemas, em especial os peixes. Em seu mestrado, a bióloga analisou os índices de plásticos encontrados no curimbatá, espécie amplamente consumida no Brasil.

As espécies escolhidas para o estudo viviam nos rios Tietê e do Peixe e os resultados assustaram, “pois havia partículas de plástico no trato digestivo de cerca de 72% dos peixes estudados. O tamanho das partículas encontradas variava de 0,18 até 12 milímetros”.
Esses componentes estão presentes em mares e rios devido ao uso excessivo de plásticos e ao descarte inadequado de lixo, segundo a pesquisadora. “Os peixes, de maneira geral, podem ingerir os plásticos intencionalmente, quando confundem o plástico com algum organismo que consomem, ou acidentalmente, que acontece o peixe ingere alimentos que estão contaminados por partículas plásticas. No caso do curimbatá, em específico, é acidental.”
A bióloga afirma que a poluição plástica é um assunto que vem tomando proporções alarmantes, em função do crescente índice de lixo que vai parar nas águas, principalmente durante a pandemia, com o descarte inadequado de máscaras. Para Bruna, “temos que pensar que isso não afeta apenas os rios, quando você polui, isso afeta as cidades, com enchentes e alagamentos, contamina os solos e os lençóis freáticos, trazendo consequências não só para os animais, mas também para os seres humanos”.
Os efeitos, conta a pesquisadora, vão desde a desnutrição e, consequentemente, a morte dos peixes, até o impacto que os compostos tóxicos do plástico podem causar nesses animais, como problemas no metabolismo, que impedem a capacidade de reprodução, por exemplo. No caso dos humanos, Bruna conta que ainda não se sabe ao certo quais as consequências, mas afirma que “o fato de a gente não saber se esses efeitos são transferidos não necessariamente significa eles não existem, apenas que é uma questão de maiores estudos”.
Ouça no player acima a entrevista completa de Bruna Quirici Urbanski ao Ambiente É o Meio.