Algo que a pandemia evidenciou ainda mais foi a questão da desigualdade de gênero. As mulheres, que antes já tinham jornada de trabalho dupla, ao cuidar da casa e dos filhos, muitas vezes sem dividir isso com o parceiro, agora precisam ficar em regime home office. Isso quando elas não estão desempregadas e/ou expostas ao vírus por saírem de suas casas, além da violência no ambiente domiciliar em pleno isolamento. Vendo a necessidade de discutir a temática, o Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP fará o evento on-line Territórios em Intempérie – Desigualdade de Gênero na Pandemia: o ODS 5 no Cenário Pós-Covid-19
O encontro servirá como oportunidade para discutir o tema e desenhar políticas públicas que permitirão enfrentar esse problema não só agora, mas também no mundo pós-pandêmico, como resume Roseli de Deus Lopes, vice-diretora do IEA, em entrevista ao Jornal da USP no Ar. Uma das coordenadoras do debate e pesquisadora do Programa USP Cidades Globais do IEA, Tatiana Tucunduva Cortese traz à tona a discussão da retomada econômica (precoce) sem que as aulas voltassem, deixando de lado uma articulação com as mulheres que, na maior parte das vezes, são as responsáveis pelos cuidados com os filhos.
“No evento pretendemos não só trazer a questão da mulher no ambiente acadêmico e a violência doméstica, mas também em como a mulher olha a cidade com o uso dos equipamentos públicos, a mobilidade e acesso dos equipamentos. Tudo isso é percebido de uma maneira diferente pelas mulheres”, explica Tatiana. Ela revela que esse já é um resultado prévio de uma pesquisa no Projeto Territórios Intempéries, que mostra as mulheres com uma preocupação latente com áreas verdes, espaço acessíveis a pé e lugares para levar os filhos e idosos.
Por consequência, nunca ficou tão evidente a carência de mulheres em cargos de decisões com a própria perspectiva de olhar o mundo de forma diferente, como fala a professora Roseli, inclusive com países liderados por mulheres se saindo muito bem no combate à pandemia, a exemplo da Nova Zelândia. “Temos que aproveitar as diferenças e trabalhar em conjunto. Não existem tarefas para homens e mulheres, principalmente na questão da família. […] A melhor forma de a gente enfrentar um problema é quando a gente reconhece o problema”, analisa Roseli.
O Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 5 da ONU prevê a igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres e meninas do mundo até o ano de 2030. É para esse ODS que o evento estará voltado. Dentre os painéis do evento serão discutidos os seguintes temas: as mulheres e o trabalho; violência contra as mulheres; população feminina encarcerada; as mulheres e a cidade; mulheres negras e o racismo genderizado. Organizado pelo Programa USP Cidades Globais, o evento on-line será no dia 1º de julho, das 14 às 17 horas. Mais informações podem ser consultadas clicando aqui.
Ouça a entrevista completa no player acima.
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