Pandemia da covid-19 expõe fragilidades estruturais no Brasil

Pedro Luiz Côrtes acredita que falta de investimentos prévios em áreas como saúde e saneamento afetou no enfrentamento da pandemia

 03/07/2020 - Publicado há 4 anos
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O Brasil já registrou mais de 60 mil mortes pelo novo coronavírus e 1,5 milhão de infectados. Em entrevista ao Jornal da USP no Ar o professor Pedro Luiz Côrtes, da Escola de Comunicações e Artes (ECA) e do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da USP, faz um balanço da atuação brasileira no combate à pandemia e do impacto de fragilidades estruturais nessa questão.

O especialista considera que o conhecimento científico tem sido fundamental para traçar estratégias de enfrentamento da covid-19, principalmente no que se trata de medidas sanitárias. Quanto ao sistema de saúde, Côrtes ressalta que, mesmo com tentativas anteriores de reduzir o SUS, hoje é ele que tem conseguido atender à demanda de casos de coronavírus da população carente, e não os planos de saúde, por exemplo.

Com as medidas de isolamento houve a estipulação de home office por grande parte das empresas, fazendo com que os deslocamentos urbanos diminuíssem e a qualidade do ar melhorasse. O professor acredita que, “quando bem implementado, o home office pode ser uma solução que venha a aumentar a qualidade de vida das pessoas e reduzir custos de trabalho por parte das empresas” e, portanto, pode ser um formato adotado no pós-pandemia.

O enfrentamento da situação também tem sido favorecido pela experiência brasileira de vacinação em massa para doenças como sarampo. “Infelizmente, nos últimos anos, nós não tivemos uma boa cobertura vacinal, mas essa expertise será fundamental para quando tivermos uma vacina contra o coronavírus, tanto em vacinação quanto em nossa capacidade de produzir grandes quantidades de vacinas rapidamente”, diz Côrtes.

Além desses fatores, outra coisa que expõe as fragilidades estruturais são as questões de saúde pública, como o saneamento básico e a higienização pública. “Todo esse descaso ao longo de vários anos com esses itens, incluindo saneamento, Sistema Único de Saúde e programas de vacinação, vem cobrando um preço que pode atrapalhar nossa saída da pandemia de covid-19. Se tivéssemos feito os investimentos necessários nessas áreas, com certeza poderíamos sair com muito mais facilidade dessa situação”, conclui o professor.

Saiba mais ouvindo a entrevista na íntegra.


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