A Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB) da USP recebeu doações do governo estadual de São Paulo de insumos e “extrato automático” para testes da covid-19. Assim, a capacidade de trabalho do Laboratório de Farmacologia da FOB foi aumentada significativamente. Quem fala sobre o assunto ao Jornal da USP no Ar é o diretor da faculdade, professor Carlos Ferreira dos Santos, que também é superintendente do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais (HRAC), conhecido como Centrinho.
Sendo um dos laboratórios da USP mapeados para testagem no início da pandemia, ainda em abril, após receber habilitação do Instituto Adolfo Lutz, com apoio da Faculdade de Medicina (FM) da USP, o laboratório da FOB passou a realizar testes diagnósticos do novo coronavírus. Até junho, eles conseguiram manter a realização de testes graças às doações recebidas de pessoas físicas e até de empresários, com uma média de 50 testes diários. “O Instituto Butantan nos enviou insumos que nos tornaram capazes de realizar 250 amostras. Nós quintuplicamos a nossa capacidade de realização”, explica Santos.
Essa ampliação permitiu à FOB ser um suporte ainda maior na testagem não só do município de Bauru, mas também de outros da região adjacente, cerca de 37 cidades. Como conta o professor, a política de Estado para testes ainda se encontra naqueles que já apresentam sintomas. Hoje o interior de São Paulo, e em específico a região de Bauru, está em pleno pico de casos da covid-19, que se acentuou nas últimas semanas com a “interiorização da pandemia”.
“Eu acredito que a demanda ainda possa crescer”, avalia o diretor da FOB. O extrato automático que chegou ao laboratório levou mais segurança para a equipe de testagem, que trabalha atualmente em um único turno ininterrupto, das 6 horas da manhã até as 13 horas. Se a demanda realmente aumentar, eles já se planejam para um segundo turno de trabalho, e um número de testes analisados ainda maior que os 250 atuais, que em alguns dias chegam a 320.
Os resultados costumam sair no mesmo dia, após rigoroso trabalho de checagem pela equipe. Após isso, eles são inseridos no sistema Gerenciador de Ambiente Laboratorial (GAL), plataforma do Ministério da Saúde utilizada pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. “Todos que têm acesso ao GAL saberão o resultado na mesma hora que ele estiver inserido no sistema”, revela Santos. Essa automatização é necessária neste momento em que o Brasil, potencialmente, é o epicentro da pandemia no mundo e precisa da alta capacidade de realização de testes. “Se não fizermos testagem, não vamos saber efetivamente quem está com o vírus e ainda tem potencial de transmitir, caso seja feito o teste PCR em tempo real.”
Outro teste que pode ser feito é o de anticorpos, que detecta as pessoas que já estiveram em contato com o vírus. De acordo com o professor, é preciso saber esse número para que as políticas públicas realmente sejam adotadas e os governantes possam tomar as decisões de quais atividades retornar, quando e de que forma. “Sem a testagem, não temos como fazer o enfrentamento de forma responsável, racional e com base em evidência científica”, pondera.
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