“A internet transformou completamente os modos de fazer política e especialmente as campanhas eleitorais. Entre essas transformações, destaco os memes”, comenta Giselle Beiguelman, artista e professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP. “Um bom exemplo foi o primeiro debate entre os candidatos à Presidência promovido pela Rede Bandeirantes, no dia 9 de agosto.”
Em sua coluna semanal, Giselle comenta que, enquanto o debate acontecia na TV com transmissão ao vivo, as redes sociais ferviam com imagens irônicas sobre a postura dos candidatos. “Os memes se converteram em uma espécie de comentário à queima-roupa de todos os acontecimentos cotidianos. São um verdadeiro noticiário paralelo, baseado em imagens. Se antigamente valia o slogan: ‘Aconteceu, virou manchete’, hoje o correto seria dizer: ‘Aconteceu, virou meme’.”
Na avaliação da professora, do ponto de vista da cultura visual, os memes são compostos de resíduos da comunicação imagética e migram de uma mídia para a outra. “Por outro lado, como utilizam muitas vezes, em diferentes contextos, as mesmas imagens com novas legendas, revelam também uma contração do repertório visual que é criado nas redes. Isso, conjugado ao imediatismo, concisão e volatilidade dos memes, expressa também a impossibilidade de discussão e reflexão que impera no modelo de redes sociais atual.”
Como bem destaca em sua coluna, estamos vivendo um novo momento na história política e no papel das imagens em campanhas políticas. “Foi-se o tempo em que a visualidade da política concentrava-se nas máquinas de propaganda do Estado e em campanhas de santinhos impressos, fotos e vídeos dos candidatos em comícios, carregando criancinhas em favelas, tomando café em bares da periferia e inaugurando obras.”
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Ouça, no link acima, a íntegra da coluna Ouvir Imagens.