Mortes de Bruno e Dom escancaram problema de segurança na Amazônia

Pedro Luiz Côrtes analisa o assassinato dos ativistas num contexto em que existe uma rede de corrupção trabalhando para regularizar as atividades exploratórios dos diversos grupos que agem ilegalmente na região

 24/06/2022 - Publicado há 2 anos
Ativistas são executados por grileiros, madeireiros, garimpeiros, pescadores ilegais    Fotomontagem feita por Guilherme Castro/Jornal da USP com imagens de Flickr e Reprodução/Twitter
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As mortes do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Philips se somam a tantas outras cometidas por grupos que exploram os recursos naturais da Amazônia em busca de lucro. “Esse é um exemplo do que vem acontecendo sistematicamente na Amazônia”, afirma Pedro Luiz Côrtes, professor da Escola de Comunicações e Artes (ECA) e do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da USP, ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição. Em sua avaliação, essa situação mostra como a segurança na Amazônia está “seriamente comprometida”.

“Ativistas são executados por grileiros, madeireiros, garimpeiros, pescadores ilegais, que enxergam na atividade desses ativistas um problema, um obstáculo para a confecção dos seus projetos pessoais”. O discurso do governo federal é de que há a ameaça de internacionalização da Amazônia. O professor rebate. “A grande ameaça está na fronteira, por conta da ação de narcotraficantes, e também no interior, por conta da ação de grupos organizados, fortemente armados, que grilam terras, se apropriam de terras da União sem qualquer tipo de autorização, sem qualquer tipo de ressarcimento aos cofres do Tesouro Nacional, e também exploram ilegalmente a madeira.”

Corrupção

O professor conta que há uma “rede de corrupção” trabalhando para regularizar as atividades exploratórias desses grupos. “Eles utilizam um modus operandi muito parecido com o que usaram os narcotraficantes na Colômbia e hoje utilizam no México, ou seja, se apropriam de grandes áreas, impõem a própria lei, e a polícia muitas vezes tem dificuldades de entrar nessas áreas.”

Pedro Luiz Côrtes – Foto: IEA-USP

O desmonte na fiscalização, com redução do efetivo e falta de recursos, atingiu órgãos como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e a Fundação Nacional do Índio (Funai). Fortalecê-los novamente é o caminho, na avaliação do professor. “Os fiscais do Ibama eram acompanhados por agentes da Polícia Federal que garantiam a sua segurança. […] Seria de fundamental importância que as Forças Armadas se envolvessem mais na tentativa de entendimento melhor do que se passa nessas regiões.” Vontade política é o fator determinante para isso. 

Pedro Luiz Côrtes participa do Destaque de Meio Ambiente às sextas-feiras. Para mais análises do professor, acesse seu canal no YouTube O ambiente é o nosso meio neste link.


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