O Instituto de Medicina Tropical (IMT) da USP faz um alerta sobre as meningites, devido à aproximação do período de inverno, que sempre mobiliza as autoridades da área da saúde. A doença consiste na inflamação das meninges, membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal e é causada por agentes infecciosos como fungos, bactérias, vírus e parasitas. Também podem ocorrer por processos não infecciosos. O Jornal da USP no Ar conversou com o doutor Expedito Luna, professor do Laboratório de Epidemiologia do IMT da USP sobre as meningites e sua importância do ponto de vista da saúde pública.
Todos os agentes infecciosos que são transmitidos pelas vias respiratórias aumentam sua propagação no inverno. Isso ocorre, possivelmente, porque no frio as pessoas convivem mais em ambientes fechados, esclarece o doutor Luna. “Essa transmissão acontece quando o portador do agente fala, tosse ou espirra; ou seja, quando ele expele esse agente para o meio, podendo, com isso, ser inalado por outras pessoas.”
O professor do IMT explica que as meningites bacterianas são as mais graves, cabendo um destaque para a meningite meningocócica e para a pneumocócica. O Programa Nacional de Imunizações (PNI), desde 2011, disponibiliza gratuitamente vacinas para combatê-las. A vacina pneumocócica deve ser aplicada aos dois e quatro meses de idade, enquanto a meningocócica C aos três e cinco meses de idade, ambas com reforço no primeiro ano de vida.
A meningite meningocócica é caracterizada por ser uma doença fulminante. “A criança pode adoecer e em menos de 24 horas vir a falecer”, alerta o doutor Luna. Por isso, a vacinação já nos primeiros meses de vida é indispensável. O professor relata que a partir do PNI houve uma redução de mais de 50% na incidência das meningites pneumocócica e meningocócica.
No entanto, a campanha de imunização contra as meningites bacterianas é relativamente recente (2011). Os adolescentes e jovens adultos não foram vacinados. Outro agravante é que algumas bactérias podem sobreviver na garganta desses jovens sem apresentar quaisquer sintomas. Sendo assim, é possível a ocorrência de surtos da doença em situações que reúnam o jovem adulto, como nos quartéis ou nas universidades. Nesses casos, cabe a intervenção das vigilâncias epidemiológicas municipais, bem como o uso de medicamentos profiláticos e, às vezes, o expediente da vacina para essa faixa etária.