Maior perda em Mariana e Brumadinho foi de vidas humanas, diz especialista

Impactos sociais, ambientais e econômicos são analisados pelo engenheiro civil Carlos Barreira Martinez 

 28/04/2021 - Publicado há 3 anos     Atualizado: 11/05/2021 as 17:07
As universidades alertam sobre a construção de barragens desde 1990, pois acidentes como os de Mariana e Brumadinho podem continuar acontecendo – Foto: Relatório do GT Barragens SEM/SMA/SSRH/CMIL

 

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O programa Ambiente É o Meio desta semana conversa com o engenheiro civil Carlos Barreira Martinez, professor do Instituto de Engenharia Mecânica da Universidade Federal de Itajubá (Unifei), sobre o rompimento de barragens. 

Após quase dois anos desde o rompimento da barragem de Brumadinho e mais de cinco anos do rompimento da barragem de Mariana, Martinez considera que a maior perda dos desastres foi a de vidas humanas. “Tanto Mariana como Brumadinho, para mim, o mais marcante é o número de mortes. A morte de um semelhante nosso não tem absolutamente nenhuma maneira de ser reparada.” Em Mariana, a catástrofe ocasionou 19 mortes e, em Brumadinho, a perspectiva é de aproximadamente 270 mortos e 11 pessoas ainda desaparecidas. 

Martinez avalia o rompimento das barragens em dois grandes momentos. “Primeiro, o grande impacto sobre as populações, as pessoas que morreram; e, o segundo impacto, quando você lança uma quantidade enorme de resíduos, tem todas as consequências subsequentes ao processo. Primeiro, para a mina, segundo, destrói, no rastro da descida do minério, toda aquela estrutura social e econômica que existia e impacta a biota de uma forma muito forte.” O professor explica que os impactos sobre a biota são complicados para serem medidos, “a gente vai saber disso daqui a 50 anos”. 

As universidades alertam sobre a construção de barragens desde 1990, como ressalta Martinez. “Como se não bastasse o primeiro [Mariana], nós tivemos o segundo [Brumadinho], e é claro que nós estamos na espera do terceiro, porque isso vai continuar acontecendo. Os processos e métodos construtivos que foram usados nessas barragens, no mínimo, têm três ou quatro décadas que a universidade vem dizendo que não deveriam ser usados.” O professor classifica os acidentes das barragens como um “sintoma de uma doença social”, pois a sociedade aceita que tragédias como essas aconteçam “passivamente e sequencialmente, sem se posicionar”.


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