Os grandes jornais da União Europeia noticiaram, nesta semana, informações sobre os perigos do uso do inseticida clorpirifós. “A situação chega a ser assustadora”, alerta José Eli da Veiga. Segundo o colunista, o tema veio à tona após o trabalho de jornalistas investigativos da Dinamarca. O clorpirifós afeta o cérebro de crianças, atrasando o ritmo de crescimento do órgão. Eli da Veiga lembra que o inseticida está na classe dos organofosforados, que estão associados a cerca de 60 mil casos de deficiência intelectual, por ano, na Europa, dentre os que são diagnosticados.
Para o colunista, o tema está diretamente relacionado à questão dos desreguladores endócrinos, já abordado em colunas anteriores. “Esse trabalho investigativo permitiu desvendar mais um escândalo. Certamente, a União Europeia não demorará a tomar medidas mais sérias”, acredita Eli da Veiga. Até agora, somente oito dos 28 países europeus proibiram o inseticida. “Ou seja, 20 nações da União Europeia ainda permitem o uso do produto. Isso significa que, mesmo os que proibiram, continuam a receber, indiretamente, os efeitos do clorpirifós”, lamenta o professor. Ele avalia que a questão é bem mais ampla, pois está ligada ao padrão de alimentação que foi legitimado durante o século 20 e aos processos que transformam os produtos agrícolas em alimentos. “Há, por trás desse padrão, um progresso agroindustrial fabuloso”, considera Eli da Veiga.
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Sustentáculos
A coluna Sustentáculos, com o professor José Eli da Veiga, vai ao ar quinzenalmente quinta-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção na Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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