Implementação do 5G ainda requer modificações técnicas e na legislação

O professor Marcelo Zuffo e o pesquisador Matheus Jacon Pereira explicam que existem ainda alguns impeditivos na implementação imediata e total da nova tecnologia

 22/08/2022 - Publicado há 2 anos
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Até 31 de julho de 2029, o território brasileiro deverá ter uma cobertura completa – Arte sobre fotos da Nasa e Wikimedia Commons
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O mês de agosto foi marcado pela ativação da tecnologia 5G em algumas capitais do País. Esse foi o caso da capital paulista, que viu a cidade de São Paulo ser contemplada com a tecnologia no último dia 8.  A quinta geração das redes móveis é o próximo passo evolutivo para a banda larga sem fio, trazendo melhorias no que diz respeito à velocidade da reprodução de vídeos, maior capacidade de armazenamento de dados e a chamada internet das coisas, além de consumir até 90% menos energia que as redes atuais. 

Marcelo Zuffo – Marcos Santos/USP Imagens

No Brasil, a implementação imediata da nova atualização dos dados móveis apresenta alguns impeditivos. Por aqui, as faixas na frequência de 3,5 GHz escolhidas para veicular a nova geração de dados móveis são as mesmas das antenas parabólicas. A decisão surgiu da necessidade de alocar os dados em uma frequência que fosse acessível, mesmo não sendo considerada uma “faixa de transmissão boa”, já que o 5G também pode funcionar nas faixas de 700 MHz e 26 gigas. 

É isso que diz o professor Marcelo Zuffo, do Departamento de Engenharia de Sistemas Eletrônicos da Escola Politécnica da USP, que também adiciona: “Houve um consenso que a faixa mais adequada para a transmissão de serviços para a população era a da faixa de 3,5 GHz”. 

Vantagens

À priorização pela substituição dos serviços das parabólicas, em detrimento aos novos dados móveis, seguiu-se a ideia de que mais indivíduos seriam beneficiados pelo 5G. Ele também seria mais vantajoso em termos econômicos, ao estimular mudanças no conceito tecnológico, com os streamings liderando o entretenimento, ao invés da televisão.  

O pesquisador do Instituto de Pesquisas Tecnológicas, Matheus Jacon Pereira, esclarece que, para diminuir os impactos da demanda de usuários das antenas parabólicas, “kits com decodificadores específicos serão distribuídos à população”. As famílias de baixa renda serão as principais beneficiadas pela medida. 

Total implementação

Matheus Jacon Pereira – Foto: Arquivo pessoal

Quando sanados os desafios, e seguindo o cronograma estabelecido pela Anatel, Pereira diz que, até 31 de julho de 2029, o território brasileiro terá uma cobertura completa. No âmbito das capitais brasileiras, o 5G terá que ser ativado comercialmente até 27 novembro deste ano, e a previsão é que cidades com mais de 30 mil habitantes sejam contempladas com pelo menos uma estação de rádio base a cada 15 mil usuários para a dispersão do sinal. 

Do ponto de vista legal, Pereira destaca que, para a total implementação, algumas leis terão que ser alteradas e revistas, para adequar as normas estabelecidas para as antenas nos municípios. Tecnicamente será necessário, também, trocar as antenas da transmissão das parabólicas da banda C, que corresponde às frequências 3,5 GHz, que veicularão o 5G, para a banda Ku, encontrada comercialmente nas faixas de frequência entre 10.7 GHz e 18 GHz.


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