Os impactos da epidemia do novo coronavírus (covid-19) sobre as economias chinesa e mundial estão deixando os países cada vez mais alertas. No auge do aparecimento de casos na China e outros países asiáticos, europeus e na América do Norte, as bolsas de valores reagiram negativamente, com investidores aguardando respostas mais concretas, como a previsão de pico de casos e consequente diminuição nos próximos dois meses.
A previsão de crescimento mundial para 2020 era de 3,1% e já está sendo corrigida para 2,9%, mesmo que as informações sobre o coronavírus e seus impactos sejam muito preliminares. “O epicentro de tudo isso é a China, que está parada, com boa parte de sua atividade econômica fechada. Não há restaurantes nem fábricas abertas, metrô e trens não funcionam, ruas estão vazias e há dificuldades de abastecimento. Isso vai ter um impacto muito forte no primeiro trimestre chinês”, analisa Simão Silber, professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP.

A potência asiática possui papel fundamental para economias de diversos países. Segundo Silber, na cadeia global de valor que envolve a divisão internacional do trabalho a China é a grande fornecedora de componentes, sendo a maior exportadora do mundo. Ele cita a indústria automobilística do Japão e da Coreia do Sul como exemplo de dependência das peças chinesas na montagem de automóveis. “Com ritmo de atividade menor, eles vão comprar menos coisas. O preço de commodities, que já estava caindo, caiu um pouco mais, o que vai ser ruim para o Brasil. De maneira geral, o efeito líquido [dos impactos] é a desaceleração da economia mundial.”
“Esse é um evento de curto prazo”, observa o professor da FEA. Os chineses estão muito receosos na retomada de atividades após o fim do feriado do ano novo chinês em janeiro. “Está todo mundo isolado e é óbvio que não dá para fazer isso durante muito mais tempo. É uma questão de dias para o governo chinês tomar essa decisão extremamente importante [de retomar as atividades].” Com o impacto econômico aparente forte, as expectativas preliminares já apontam crescimento de -0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) da China para 2020. “O impacto no Brasil é negativo e o PIB este ano deve crescer menos 0,1% ou 0,2%.”
Ouça a entrevista completa no player acima.
Jornal da USP no Ar
Jornal da USP no Ar no ar veiculado pela Rede USP de Rádio, de segunda a sexta-feira: 1ª edição das 7h30 às 9h, com apresentação de Roxane Ré, e demais edições às 14h, 15h, 16h40 e às 18h. Em Ribeirão Preto, a edição regional vai ao ar das 12 às 12h30, com apresentação de Mel Vieira e Ferraz Junior. Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 93.7, em Ribeirão Preto FM 107.9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo do Jornal da USP no celular.