Saber do que as pessoas morrem é importante para criar políticas públicas para a saúde ? Segundo o professor Paulo Saldiva, temos no mundo mais de 50% dos óbitos sem que se identifique a causa que provocou aquelas mortes. “Ora, se não tivermos condições de saber do que as pessoas morrem, como executar de forma confiável políticas públicas de saúde”?, indaga ele. “Como saber, num cenário de recursos escassos, aonde investir primeiro”?
Saldiva está em Nova Iorque, onde participa de um encontro cujo objetivo é encontrar meios de melhorar os dados de mortalidade no mundo, especialmente nas regiões remotas do planeta. De acordo com ele, se tivesse sido possível retirar das crianças que faleceram com microcefalia, no Nordeste, fragmentos do tecido cerebral após a morte, por meio de uma punção por agulha, teria sido possível identificar o zika vírus e, consequentemente, evitar novos casos. “As pessoas mais pobres não sabem nem do que morrem e, muitas vezes, não sabem bem por que estão vivendo”, diz.