A Sociedade Brasileira de Pediatria preparou um manual para orientar os médicos da especialidade sobre como atuar nos casos de crianças que não se identificam com o seu gênero biológico, a chamada disforia de gênero, condição marcada pelo descompasso entre o sexo biológico e a identidade de gênero. Sobre isso fala o psiquiatra Alexandre Saadeh, coordenador do Ambulatório Transdisciplinar de Identidade de Gênero e Orientação Sexual do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, que participou da elaboração desse manual.
Ele diz que o guia apresenta linguagem clara e acessível, de maneira a ser de fácil compreensão mesmo para aqueles que não são profissionais de saúde. Além disso, existe uma preocupação muito grande no cuidado em abordar o tema da disforia de gênero. “O guia toma um cuidado muito grande em não colocar essa questão como uma doença”, explica o médico, “mas como um diagnóstico clínico que merece acompanhamento, até porque a maior parte das famílias se incomoda com a questão”.
Segundo Saadeh, quanto mais jovem se é, mais complexo se torna o diagnóstico, embora algumas crianças por volta de 3 a 5 anos já deem mostras de que possam vir a ser um transexual em sua vida adulta. Por isso, é importante acompanhar com cuidado a criança e a família, não se esquecendo de que, muitas vezes, a própria escola precisa ser orientada a respeito do assunto.