Uma pesquisa realizada pela TIC Domicílios no período de 2019 a 2021 aponta que a audição de podcasts entre os usuários de internet quase que dobrou: passou de 16% para 31%. O estudo é fruto da parceria entre a Fundação Seade e o Cetic.br|NIC.br, que analisa as atividades realizadas na internet pelos residentes no Estado de São Paulo. Os resultados mostram possíveis mudanças de hábitos de consumo de conteúdo incentivadas pelo distanciamento social no período da pandemia. Enquanto a audiência de podcast aumentou, a de leitores de jornais, revistas ou pela internet caiu. Além dessa mudança, a análise do perfil dos usuários de internet paulistas que consomem podcast mostra que, quanto mais elevada é a escolaridade, maior a audiência do formato.
Eduardo Vicente, professor associado no Departamento de Cinema, Rádio e Televisão da Escola de Comunicações e Artes da USP, realiza pesquisas na área de música popular, indústria fonográfica e rádio e destaca que a internet é a principal responsável por essa mudança. “O aumento do consumo de podcast tem tudo a ver com a popularização da internet. Por isso que esses podcasts, feitos por realizadores da periferia e, em alguma medida, voltados para esse público, são hoje tão populares, um dos mais populares que temos. Eu acho que essa é uma tendência, feita por diferentes pessoas, diferentes formações, com diferentes interesses e diferentes públicos. Ele não vai crescer sempre assim como cresceu nos últimos anos, a pandemia ajudou, a novidade ajudou, ele vai se estabilizar. Mas ele veio para ficar.”
Novo modo de se informar
O podcast surgiu, juntamente com a internet, como uma nova forma de informação, com uma diversidade de programas e uma nova maneira de compartilhamento e de distribuição que não depende mais de uma emissora. Qualquer pessoa pode produzir um programa ou uma série. A vantagem é que esse conteúdo fica disponível na rede e pode ser escutado quando e onde a pessoa quiser, com uma diversidade muito grande e uma linguagem muito mais ampla.
O perfil do ouvinte de podcast também mudou. No início, ele atingia mais um público universitário e predominantemente masculino. Hoje em dia, há podcasts periféricos, com muitas mulheres produzindo e ouvindo esse material. O professor Vicente acredita que os ouvintes não deixarão de ouvir rádio ou perder o hábito da leitura por causa dos podcasts, mas acredita que o número de ouvintes do novo formato só tende a aumentar.
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