Desde o início do século 20 a cidade de São Paulo tem sofrido um processo de urbanização em decorrência das atividades econômicas cada vez mais concentradas nos centros urbanos. Com isso, veio a falta de espaço para moradia e a população foi se expandindo em direção a regiões cada vez mais marginalizadas da cidade. Um dos muitos problemas desse processo foi sua falta de planejamento – ele ocorreu de forma desenfreada e acabou tendo profundas sequelas, além das sociais, ambientais -, e é isso que discute, nos dias 12 e 13 de junho, o seminário Sustentabilidade na Cidade, promovido pelo Programa USP Cidades Globais, do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP.
O pesquisador colaborador do IEA, Carlos Nobre, conta que esse processo traz consequências para a sustentabilidade, e dá como exemplo o clima. Segundo Nobre, a temperatura média da cidade está mais elevada em comparação à sua infância, na década de 50. E um dos problemas que ele enxerga é a reatividade ao invés do planejamento na adaptação da cidade perante esse cenário de alteração climática.
Outro ponto considerado muito importante para o pesquisador é o do saneamento básico. Nobre diz achar estranho o Brasil ter se modernizado industrialmente, mas não ter acompanhado as indústrias no que tange ao saneamento, que é, segundo ele, “absolutamente fundamental para a qualidade de vida e de saúde.”
O professor da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP e um dos coordenadores do Programa USP Cidades Globais, que promove o seminário, Arlindo Philippi Júnior, explica que o evento se propõe a discutir, por exemplo, como os programas de pós-graduação da USP estão levando questões urbanas e de sustentabilidade para seus projetos de pesquisa. Ao mesmo tempo, o evento busca debater o impacto da globalização no planejamento das cidades.
Philippi conta que há uma falta de planejamento estratégico que garanta a mobilidade urbana, e que isso traz danos à saúde da população, além de prejuízos econômicos à sociedade. Ele traz um exemplo dos estudos feitos pelo professor Paulo Saldiva, da Faculdade de Medicina (FM) da USP: “Aqui na região de São Paulo, as internações hospitalares aumentam em cerca de 15% por morbidades associadas à poluição quando há indicação de que a qualidade do ar está inadequada.” Por fim, Júnior conclui que a questão ambiental e de sustentabilidade está diretamente ligada à saúde e qualidade de vida da população e, quando somados, saúde e meio ambiente estão diretamente ligados à economia.
O seminário Sustentabilidade na Cidade discute esses e outros temas, e ocorre nos dias 12 e 13 de junho, a partir da 8h30, no auditório do IEA. Para participar do evento, é necessária inscrição prévia. Para mais informações, acesse a página do evento.
Jornal da USP no Ar, uma parceria do Instituto de Estudos Avançados, Faculdade de Medicina e Rádio USP, busca aprofundar temas nacionais e internacionais de maior repercussão e é veiculado de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 9h30, com apresentação de Roxane Ré.
Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 93,7, em Ribeirão Preto FM 107,9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo no celular. Você pode ouvir a entrevista completa no player acima.