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Na coluna desta semana, Renato Janine Ribeiro comenta a importância do Estado laico para a democracia. Segundo o colunista, é muito difícil haver uma democracia hoje que não seja laica, ou seja, com separação entre Estado e a igreja. “Estado não pode ter religião nem oferecer benefícios a quem tenha determinada religião”, destaca o colunista. A exceção da laicidade do Estado pode ser vista em Israel, lembra Janine, que é declaradamente um Estado judeu.

E por que a democracia precisa ser laica? Porque a religião se tornou um assunto privado. Religião é uma escolha pessoal dos indivíduos e que não pode interferir na vida política. “Nos últimos séculos, foi estabelecida uma diferença entre a vida privada e a vida pública, que é um grande fator de liberdade para a vida privada. Isso significa que as pessoas não são obrigadas a seguir a religião do Estado. É uma decisão que pertence ao indivíduo ou à sua família”, afirma Janine.

Sobre a ideia do presidente Jair Bolsonaro em indicar um ministro “terrivelmente evangélico” para o Supremo Tribunal Federal, o colunista diz que a expressão “terrivelmente”, usada pelo presidente, é inadequada. Para o colunista, a ideia de que alguém vai decidir sobre as políticas públicas, os direitos sociais, os direitos civis e sobre toda a vastidão de assuntos que passam pelo Supremo em função da sua própria religião é uma insinuação totalmente absurda, um desconhecimento total dessa divisão que a democracia faz entre a vida privada e a vida pública.

“É, na verdade, uma ameaça à liberdade que as pessoas têm de praticar a própria religião, seja ela evangélica, católica, judaica, muçulmana, ou seja o indivíduo ateu ou budista, hinduísta, ou ainda que pratique o culto aos orixás, mas sem que o Estado intervenha nisso ou que a religião intervenha no Estado. Porque, se o fizer, estará indo contra a liberdade das outras religiões. Por isso, o Estado laico é essencial para a democracia.”

Ouça, no link acima, o áudio na íntegra da Coluna Ética e Política.