Espécie de primata contribui para a conservação de água potável

Segundo especialista, a ação do muriqui-do-sul em florestas influencia diretamente na preservação de mananciais

 10/04/2019 - Publicado há 6 anos     Atualizado: 28/04/2020 às 13:34
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O programa Ambiente É o Meio desta quarta-feira,10 de abril, traz conversa com o professor do Departamento de Ciências Ambientais da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), campus de Diadema, Maurício Talebi, sobre a importância da conservação das espécies de primatas.

Segundo Talebi, os primatas estão seriamente ameaçados pela expansão demográfica humana. O pesquisador afirma que isso ocorre devido ao consumo das florestas e ambientes naturais causados pelo crescimento populacional e, também, pelas desigualdades sociais. O professor também associa a diminuição da população das espécies de primatas às políticas de governança instáveis e às alterações de metas ambientais. “O Brasil é o país com o maior número de espécies de primatas do mundo, porém, se queremos obter sucesso na preservação dessas espécies para as próximas gerações, temos que ter em mente que o País é um dos principais na liderança mundial em termos de pesquisa aplicada à conservação.”

Muriqui do Sul – Foto: Wikimedia Commons-CC

Talebi, que é veterinário e também especialista no muriqui-do-sul ou mono-carvoeiro, ressalta o privilégio do Estado de São Paulo por abrigar nas matas de seu território essa espécie que é considerada a maior, em termos de estatura, das Américas, e ressalta a importância de sua preservação. “É um animal interessante e importante biologicamente, pois ele é um dispersor de sementes de grandes espécies de árvores. A retirada desses animais das matas, a extinção local dessa espécie, vai a longo prazo empobrecer o número de espécies arbóreas desta mata”.     

Segundo o especialista, entre os fatores contribuintes para a redução das espécies de primatas está o desmatamento, a conversão de áreas naturais em áreas de pastagem ou agricultura. O pesquisador também associa ao desaparecimento a caça, que atinge principalmente as espécies de muriqui e o bugio e, também questões sanitárias, como a febre amarela que dizimou populações de bugios.

Talebi afirma ainda que os macacos contribuem para a manutenção da existência das florestas e que, por isso, é importante a sua preservação. “Essas florestas protegem os mananciais de água potável que abastecem as grandes cidades, como São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba.  Conservar um macaco em natureza contribui para a conservação da água que nós bebemos.”

Ambiente É o Meio é uma produção da Rádio USP Ribeirão Preto em parceria com professores da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP e Programa USP Recicla da Superintendência de Gestão Ambiental (SGA) da USP.

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