A enchente traz muito mais do que ruas alagadas e perda de bens materiais, traz também doenças. Com a tragédia climática enfrentada no Rio Grande do Sul, a preocupação das autoridades sanitárias agora é com a saúde dessas pessoas que ficaram por horas em água contaminada. Dos 497 municípios gaúchos, 450 foram afetados pelas chuvas e tempestades, ou seja, 90% do Estado.
As imagens que aparecem todos os dias assustam pelos números da tragédia, perdas e a preocupação com as questões sanitárias. Água parada, com todo o tipo de lixo, descartes e animais mortos, invadiu ruas e casas, deixando pessoas ilhadas e apenas com a roupa do corpo.
Como se proteger de doenças que surgem com essas enchentes? O que fazer?
A médica infectologista Amanda Nazareth Lara, do Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais (Crie) do Hospital das Clínicas da FMUSP e do ambulatório dos viajantes, explica que os primeiros cuidados são uma avaliação clínica: “Ver se está desidratado, medir temperatura, desnutrição, prestar os primeiros socorros verificando se existem ferimentos, e os cuidados necessários com o tétano, se tem quadro de diarreia, e aplicar as vacinas necessárias para esses males” ,avalia.
Leptospirose é um risco
A principal doença das enchentes é a leptospirose, que pode ser letal se não cuidada a tempo, mas não é a única, existem mais de 20 doenças que podem acometer as vítimas de enchentes.
A hepatite A, apesar de não ter recomendação do SUS, pode ser combatida com vacina disponível para crianças a partir de 1 ano e 3 meses. É importante tomar cuidado também com os animais peçonhentos como cobras e escorpiões, que também procuram abrigo em local seco.
De acordo com a especialista, a aglomeração de pessoas nos alojamentos também requer uma atenção maior, principalmente com os vírus respiratórios que estão circulando no País desde o início do ano, como a influenza, H1N1, covid-19 e vírus sincicial respiratório. Muitos animais domésticos, como cães e gatos, estão sendo resgatados nessas águas contaminadas e a infectologista alerta para o cuidado com a raiva, em caso de mordida.
A dengue, outra doença que está em circulação no País, pode se alastrar também em função das águas paradas. A expectativa é que as baixas temperaturas interrompam o ciclo do mosquito. Uma orientação importante é o tempo de incubação dessas doenças, que pode variar os sintomas em até um mês.
A Secretaria Estadual da Saúde no Rio Grande do Sul divulgou nota de recomendação da quimioprofilaxia, com avaliação médica, contra a leptospirose, para pessoas que estiveram expostas à água de enchente por período prolongado, como equipes de socorristas de resgate e voluntários com exposição prolongada à água de enchente. A recomendação foi publicada em nota técnica divulgada conjuntamente com a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).
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