Em tempos de isolamento, mundo virtual abre janelas para a sociabilidade

Belinda Mandelbaum diz que o ser humano não existe fora da sociabilidade. Na impossibilidade momentânea de interação social, a internet pode ajudar a manter vínculos

 19/01/2021 - Publicado há 4 anos     Atualizado: 26/01/2021 às 10:28

 

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As pessoas, sobretudo os jovens, passaram a usar as redes sociais como substitutas dos encontros presenciais impossibilitados pela pandemia – Foto: Divulgação/Cinusp

A pandemia de coronavírus e a necessidade de isolamento social levaram a uma mudança de comportamento, fazendo com que encontros com amigos e familiares acontecessem somente de forma virtual em vez de presencial. Esse cenário favoreceu contatos por meio de aplicativos de mensagens, videochamadas e jogos on-line, ferramentas que ganharam bastante destaque no ano que passou. A professora Belinda Mandelbaum, do Instituto de Psicologia da USP, lembra que o ser humano é um ser social e que, portanto, está apto a interagir com seus semelhantes, pois não existe fora da sociabilidade. O corte das relações sociais traz ameaças e fragilizações para a estabilidade psíquica do indivíduo.

Ela observa que o contexto da pandemia, forçando o isolamento social, mobilizou outras emoções, causando saudades, frustrações e desapontamentos, uma gama de sentimentos mobilizada pelo tipo de interação a que se está sujeito no momento. No entanto, prossegue a psicóloga, cada pessoa reage de um jeito frente a essa realidade. “Cada uma dessas situações implica diferentes formas de sociabilidade e, portanto, em diferentes formas de como a pandemia afetou essa sociabilidade e todas essas emoções mobilizadas.” É nesse momento que as redes sociais podem ser benéficas.

Nesse sentido, estudantes do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação de São Carlos da USP (ICMC) desenvolveram uma ferramenta chamada Approxima Bot, que nada mais é do que um robô capaz de identificar estudantes que possuem interesses comuns e apresentá-los uns aos outros. Para Vitor Santana, um dos que estão por trás desse projeto, a internet tem se mostrado uma alternativa benéfica para matar as saudades e manter a mente sã em tempos de pandemia. “Eu acho que a grande sacada é você falar com pessoas por meio de ferramentas que consigam aproximá-las”, diz ele. “Apesar de não ser o ideal, ainda assim é uma coisa que ajuda. Entre você não ter contato nenhum e ter algum contato, é melhor este último.”

A professora Belinda concorda com Santana quando este observa que, apesar de ajudar a superar este momento agudo de crise e de distanciamento social, essa não é a situação ideal, uma vez que os aplicativos, por si sós, não conseguem substituir a experiência presencial de ver e abraçar familiares e outras pessoas queridas. Mas, no momento, é essa a solução possível. Tanto que o Approxima Bot já está disponível para o público depois de ter ajudado a conectar estudantes de diferentes cursos da USP e de ter contribuído até mesmo para criar laços entre veteranos e calouros, estes ainda no ensino a distância e, portanto,  incapazes de usufruir uma experiência universitária completa.

 


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