
Um relatório sobre economia circular do grupo Circle Economy, de 2019, revelou que apenas 9% da economia mundial é circular. Apesar do prisma global mostrar o avanço moroso desse modelo econômico, a cada ano o número de produtores ‒ seja grande, médio, pequeno ou micronegócio – está crescendo na esteira desse padrão de produção, que é mais próspero à sociedade e utiliza recursos de forma não linear e regenerativa.
“Economia circular é projetar uma cadeia produtiva que, desde o início, não tenha perdas, resíduos, poluição e mantenha os produtos com maior tempo de uso”, destaca a professora do Departamento de Engenharia de Produção da Escola Politécnica da USP e pesquisadora em Economia Circular, Marly Monteiro de Carvalho, ao Jornal da USP no Ar 1° Edição.
Atualmente, grande parte da cadeia produtiva opera de forma linear, com foco no crescimento econômico e consumo, que retira recursos naturais do meio ‒ inclusive aqueles não renováveis, que são processados e transformados em resíduos, explica a pesquisadora. “Como a gente tem pouca circularidade nas nossas cadeias produtivas, a gente tem uma montanha de resíduos”, complementa. De acordo com a professora, o setor eletroeletrônico é um exemplo, porque gera muitos resíduos justamente porque está intimamente ligado à obsolescência planejada muito curta.
“Sem uma pauta de investimento e legislação que suporte melhor a economia circular, o Brasil tem muito mais dificuldades”, destaca a professora. Apesar dos gargalos, a realidade social brasileira mantém ativa o retorno de resíduos para diversas cadeias produtivas, especialmente por meio das comunidades de catadores. “A reciclagem é um ciclo técnico que tem menor poder de apropriação do valor, mas existem outros ciclos: os de reúso, de remanufatura, de revalorização e modelos de intensificação do uso de produtos”, ressalta.
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