Distribuição de energia elétrica deve levar em conta a qualidade dos serviços prestados

Carlos Frederico Meschini Almeida e Ivo Ordonha Cyrillo comentam novas formas de aprimorar o serviço de distribuição de energia e o custeio desse serviço

 24/08/2022 - Publicado há 2 anos
A falta de qualidade de energia no Brasil custa, aproximadamente, R$ 13 bilhões por ano para a sociedade  – Foto: Flickr
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A importância da distribuição de energia elétrica também diz respeito à qualidade dos serviços apresentados à população. Uma tese da Escola Politécnica da USP, desenvolvida pelo engenheiro Ivo Ordonha Cyrillo, sob orientação do professor Carlos Frederico Meschini Almeida, do Departamento de Engenharia de Automação, apresenta os principais pontos a serem aprimorados pelas agências de energia, como no cálculo do preço do serviço. Eles comentam a metodologia por trás do estudo e acrescentam meios para sua implementação. 

O modelo apresentado é pautado no custo da energia elétrica, visando à transição para um modelo mais eficiente e de qualidade, ao apontar os limites técnicos, como a redução do tempo de interrupção do serviço. O autor da tese, Ivo Ordonha, salienta que alguns dos aspectos por trás do estudo levam em conta, principalmente, a opinião do consumidor e a realidade vivida por eles. 

Ivo Ordonha Cyrillo – Foto: Reprodução/Youtube

Custo social

Às vezes há uma compensação dos valores, devido a falhas das empresas, mas que, ainda sim, são “muito pulverizadas” e acabam por impactar muito pouco na conta e não suprem os transtornos decorrentes de uma falta de energia. Ivo Ordonha destaca que, pelo último cálculo feito pela Aneel, a falta de qualidade de energia no Brasil custa, aproximadamente, R$ 13 bilhões por ano para a sociedade, o que é um valor considerável e que “tem um retorno para a sociedade como um todo”, complementa ele. 

“Quando a gente fala de qualidade, todos conseguem ver quando a gente realmente fica sem energia por algumas horas. Isso tem um custo para a sociedade, para quem trabalha em casa, para quem precisa de energia para trabalhar, tanto pelas empresas quanto para residências”, adiciona ele. 

No modelo atual, o professor Carlos Frederico Meschini Almeida explica que a tarifa é composta da parcela do valor da energia, os tributos e encargos do setor e a parcela que remunera os serviços de distribuição do serviço. A partir daí, observou-se que os impactos negativos da interrupção da energia para a sociedade são maiores que os custos da melhoria da qualidade do serviço prestado. 

Metodologia da tese 

Carlos Frederico Meschini Almeida – Foto: Reprodução/Linkedin

A escolha de qual empresa será a responsável pela entrega de energia é publicada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o que gera uma “competição entre as empresas dentro dos parâmetros” pautados em questões de preço e eficiência operacional. Com a elaboração do estudo, os pontos possíveis de melhoria no sistema de cobrança atual concentram-se na regulação mais focada no consumidor. Isso é válido tanto para clientes comerciais quanto para clientes residenciais, que compõem cerca de 90% deles. 

O método para a modificação do modelo usa dados já consolidados, para a composição de uma realidade onde a parte econômica do consumidor passa a ser relevante. Para sua implementação e aperfeiçoamento, ainda é preciso uma “vontade pública e das empresas de energia. Ainda são precisos alguns testes com os dados que as empresas possuem nos bancos de dados da Aneel, como ressalta o professor Almeida: “Seria interessante partir para um teste massivo”. Os estudos demonstram que a tese cumpre com o papel de apontar os custos extras no valor da energia, mas que ainda é preciso uma deliberação política. 


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