
O centro de São Paulo guarda boa parte das desigualdades e da história da cidade. Diversas políticas públicas vêm sendo discutidas para reurbanizar a região. O Diálogos da USP desta semana debate o assunto.
Raquel Rolnik, professora titular da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP, conta que houve, sim, o processo de migração do centro para outras partes da cidade, mas isso não significou ”um esvaziamento, mas uma popularização”. Um exemplo dessa situação é que os dois maiores PIBs comerciais da América Latina estão na região: Rua 25 de Março e Santa Efigênia.

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Fraya Frehse, professora associada do Departamento de Sociologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP (FFLCH), lembra que um termo muito comum utilizado para falar desse suposto esvaziamento é ”revitalização”. Para ela, essa palavra é ”ideológica” e passa uma certa elitização. O que ocorreu, na verdade, foi que o Estado esqueceu do centro.
Outro ponto levantado pela professora é que, ”do ponto de vista populacional, o centro nunca deixou de ser referência”. Raquel concorda e explica que ”existiu uma tentativa de atrair a elite de volta para o centro através da instalação de equipamentos culturais, como, por exemplo, a Pinacoteca”. Para ela, isso só não ocorreu porque foi desconsiderada a existência de residências e estabelecimentos comerciais na região. ”Falta pensar propostas e políticas urbanísticas e sociais,”, diz.

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Fraya relata que não existem soluções fáceis. É preciso primeiramente ouvir a população. Ela explica que a população nem mesmo é ensinada a ”incorporar a própria história e cuidar dos espaços públicos”. Raquel ainda critica as gestões públicas: ”No campo da arquitetura, nada pode ser resolvido em quatro anos”. Confira o programa completo no player acima.
Esta edição do Diálogos na USP teve apresentação de Marcello Rollemberg e trabalhos técnicos de Márcio Ortiz. A produção é do Departamento de Jornalismo da Rádio USP.
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