Os maiores bancos privados do Brasil se uniram em defesa da Amazônia. Nesta semana, representantes de Bradesco, Itaú Unibanco e Santander se reuniram com o vice-presidente Hamilton Mourão com o objetivo de lançar plano de defesa ambiental e buscar maior diálogo com o governo sobre os assuntos ambientais. O professor Pedro Luiz Côrtes, da Escola de Comunicações e Artes (ECA) e do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da USP, comenta o assunto em entrevista ao Jornal da USP no Ar.
Ele explica que os presidentes desses bancos se manifestaram pois estão preocupados com a possível retirada de recursos internacionais do agronegócio brasileiro, necessários para promover a recuperação econômica e a geração de empregos. “Mais do que criticar, esses representantes estão tomando a iniciativa de buscar soluções, porque já perceberam que o governo já perdeu muito tempo ao deixar a situação chegar a esse ponto. Por isso essa reunião pode ter resultados positivos”, conta.
Para a melhora dessa conjuntura, Côrtes acredita que o primeiro passo seja fornecer uma alternativa de subsistência para a população da Amazônia. “Entre as ações planejadas pelos bancos estão o estímulo a cadeias sustentáveis, como as de cacau, açaí e castanhas, por linhas de financiamento. Esses produtos têm grande potencial competitivo e podem oferecer mais seguridade do que trabalhos nos garimpos, por exemplo”, ressalta. Além disso, o impulso à bioeconomia também é uma alternativa que pode estimular investimentos no País, focando na pesquisa e desenvolvimento de fármacos naturais, por exemplo.
A Amazônia não é a única preocupação. Outro bioma em situação de alerta é o Pantanal: as queimadas na região estão ainda piores do que no ano passado, tendo registrado aumento de 530%, segundo dados preliminares divulgados recentemente pela revista Veja. O professor ressalta que “a Amazônia, o Pantanal, o Cerrado e os resquícios da Mata Atlântica, tudo isso entra no radar de uma crise ambiental brasileira, que se distribui em diversos biomas. O Brasil perde muito com isso, uma vez que as leis ambientais poderiam ser utilizadas como argumento da qualidade de nossos produtos agrícolas, de forma a agregar valor a eles. O governo poderia usar isso como um diferencial para a competição estratégica com mercados internacionais”.
Saiba mais ouvindo a entrevista na íntegra.
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