Um relatório do Banco Mundial apontou que o Brasil ainda levará 260 anos para atingir níveis de compreensão de leitura iguais aos de países ricos. Para índices de resolução de problemas de matemática, a previsão é de 75 anos. Para Filomena Elaine Paiva Assolini, doutora em Ciências, mestre em Psicologia e professora do Departamento de Educação, Informação e Comunicação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da USP, os dados são assustadores, apesar de questionáveis.
Na educação, o País avança, mas muito lentamente, segundo dados da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Uma das grandes conquistas dos últimos anos foi a inserção da criança na escola. Ao mesmo tempo, os investimentos no ensino primário e na formação inicial e continuada dos professores são baixos, avalia Filomena.
O problema mais grave está na interpretação de texto. Segundo a professora, o que ocorre no Brasil é uma diminuição no número de leitores, inclusive dentro do ambiente escolar. Nesse sentido, a capacitação do docente se coloca como central, já que são os professores que podem despertar o gosto e estimular os alunos à leitura, ensiná-los a ir além da decodificação dos símbolos e buscar novos sentidos na redação. Os problemas da educação se encontram na base e a responsabilidade é coletiva: cabe às gestões públicas, às escolas e às famílias a reversão desse quadro, conclui Filomena.
Jornal da USP, uma parceria do Instituto de Estudos Avançados, Faculdade de Medicina e Rádio USP, busca aprofundar temas nacionais e internacionais de maior repercussão e é veiculado de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 9h30, com apresentação de Roxane Ré.
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