Como fazer cultura num país que pouco a valoriza?

É a pergunta que o ator Celso Frateschi tenta responder em mais uma edição do “Diálogos na USP”

 29/09/2017 - Publicado há 7 anos
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Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

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Os orçamentos federal, estadual e municipal nunca foram suficientes para as artes. Com o País em crise, a coisa só vem piorando, e o que se vê são demissões de músicos de orquestras, enxugamento de equipes e cancelamento de patrocinadores. A classe artística clama pelo descongelamento total da verba da cultura, pois sabe, como ninguém, que um país não pode viver sem arte e cultura.

A crise na cultura é justamente o tema do Diálogos na USP  desta semana. Para debatê-lo, o programa contou com a presença do ator, diretor e professor de teatro, Celso Frateschi, que também lecionou Arte na Escola de Arte Dramática da USP. Atualmente à frente do teatro Ágora, em São Paulo, Frateschi diz que, no Brasil, cultura faz parte de um projeto que é comum e que envolve também outras áreas do governo. “Na área da cultura, a gente teve, durante muito tempo, o que a gente chamou de política de ausência, não de ausência de política.”

Segundo ele – que já foi gestor público, ocupando cargos ligados à área cultural -, a política de ausência é uma coisa deliberada, traduzindo um desejo de não se investir em cultura, assim como também não se investe em educação ou saúde. Ele observa que “o grande paradigma de financiamento de cultura no País ainda é a Lei Rouanet”. Como ator, Frateschi participou de inúmeros espetáculos, muitos deles de grande sucesso do início ao fim da temporada. Isso não impediu, porém, que ficassem pouco tempo em cartaz. “E a gente pergunta ao produtor: ‘Por que retirar um espetáculo que é sucesso em cartaz’? Eles respondem, com muita simplicidade: ‘Porque montar outro dá muito mais dinheiro'”.

Celso Frateschi (esquerda) e Marcio Rollemberg (direita) Foto: Cecília Bastos/USP Imagem

Frateschi argumenta que, em sua lógica perversa, a Lei Rouanet privilegia a concentração de renda, e isso “nos prejudica como artistas, porque nós dependemos do salário. Então, um espetáculo que poderia ficar dois anos em cartaz, fica cinco semanas”.  Entre as mazelas atuais que perturbam o caminho da cultura no País, ele aponta a censura, citando o recente episódio da suspensão de uma exposição em Porto Alegre, cujo tema era o universo LGBT.

Esta edição do Diálogos na USP, apresentada pelo jornalista Marcelo Rollemberg, conta ainda com um depoimento do ex-ministro da Cultura, Juca Ferreira, que faz  observações sobre a Lei Rouanet  e tece comentários a respeito da pouca relevância que os governos dão para a cultura do País.

 

 

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