A classificação NOVA divide os alimentos em quatro grupos: alimentos in natura e minimamente processados; ingredientes culinários processados; alimentos processados; e alimentos ultraprocessados. Publicado em 2010, o guia foi desenvolvido por pesquisadores do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens) da USP, tornando-se uma referência mundial em guias alimentares e amplamente utilizado em pesquisas científicas em todo o mundo.
De acordo com Renata Levy, pesquisadora do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina e integrante do NUPENS, “até o começo do século 21, o ensino e a prática da Nutrição, assim como as políticas públicas na área, focavam apenas nos nutrientes presentes em alimentos e bebidas, uma lógica reducionista que chamamos de ‘nutricionismo’. Assim, ignoravam a qualidade da comida e também as combinações entre os alimentos”.
A professora aponta a pirâmide alimentar como um símbolo desse “nutricionismo”. “Os alimentos eram agrupados por serem fonte de proteína, carboidrato e lipídios e, por isso, no mesmo grupo estavam a batata doce e os biscoitos, por exemplo. Hoje sabemos que não faz sentido colocar esses dois alimentos em uma mesma categoria. A classificação NOVA valoriza as culturas alimentares, as práticas culinárias e o prazer ao se alimentar. Coloca mais luz sobre processos que extrapolam o prato, como a produção dos alimentos e a divisão de tarefas domésticas”, destaca.
Tipos de alimentos
Alimentos in natura são obtidos de plantas ou animais e adquiridos para consumo sem terem sofrido processamento. No entanto, segundo a professora, quase todos os alimentos que consumimos hoje são industrializados, já que assim são intitulados aqueles que tenham passado por algum tipo de processamento industrial.
Já os alimentos processados, conforme a classificação, são aqueles fabricados pela indústria de alimentos utilizando técnicas tradicionais de processamento, como a adição de sal, açúcar ou outros ingredientes culinários em alimentos in natura ou minimamente processados, como frutas em calda ou queijo.
Por outro lado, os alimentos ultraprocessados possuem uma extensa lista de ingredientes em sua composição, muitas vezes compostos por partes de alimentos e aditivos cosméticos exclusivamente industriais, utilizados para dar cor, sabor, cheiro e textura e contendo pouco ou nenhum alimento reconhecível.
*Sob supervisão de Cinderela Caldeira e Paulo Capuzzo
Boletim Alimentação e Sustentabilidade
Parceria: Cátedra Josué de Castro de Sistemas Alimentares Saudáveis e Sustentáveis, Rádio USP e Jornal da USP
Produção: Professor Ricardo Abramovay, Estela Sanseverino e Nadine Marques
Coprodução: Cinderela Caldeira, Guilherme Castro Sousa, Julia Estanislau e Alessandra Ueno
Edição: Rádio USP
Você pode sintonizar a Rádio USP SP 93,7 MHz e Ribeirão Preto 107,9 MHz, pela internet em www.jornal.usp.br ou nos principais agregadores de podcast como Spotify, iTunes e Deezer.
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