“Guia Alimentar para a População Brasileira” produzido na USP completa 10 anos

Referência científica no Brasil e no mundo, é fonte de informação e de recomendações de alimentação e nutrição; serviu de base para a criação da nova rotulagem de alimentos e a proibição de ultraprocessados em escolas

 15/05/2024 - Publicado há 7 meses
Guia Alimentar completou 10 anos e está disponível on-line para download- Arte sobre foto/Freepik

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O Guia Alimentar para a População Brasileira, produzido pelo
Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens) da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP para o Ministério da Saúde e a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS/OMS), completa 10 anos em 2024. O documento é fonte de informação e de recomendações de alimentação e nutrição para a sociedade em geral, servindo como base para orientação de profissionais da saúde e tomadores de decisão sobre políticas públicas. Trata-se de um trabalho produzido por diversos cientistas e que serviu de base, por exemplo, para a criação da nova rotulagem de alimentos e a proibição de ultraprocessados nas escolas no município do Rio de Janeiro, em 2023.

Em comemoração à data, o Nupens está realizando uma série de ações de divulgação sobre o Guia Alimentar, mostrando os malefícios dos ultraprocessados e focando nas vantagens de uma alimentação saudável. A celebração da data inclui a criação de um selo comemorativo para os 10 anos e também ações durante o Congresso Brasileiro de Nutrição (Conbran), no dia 22 de maio, com a realização da palestra Dez anos do Guia Alimentar para a População Brasileira: História, Ciência e Política, além da mesa-redonda Promoção da alimentação adequada e saudável: desafios para comunicar. Também durante a World Public Health Nutrition Congress 2024, evento que acontece em Londres entre os dias 10 e 13 de junho, a professora da FSP Patrícia Jaime e a apresentadora Rita Lobo apresentarão artigo sobre a associação entre o Guia Alimentar e o Panelinha.

O Guia Alimentar é um instrumento de relevância nacional e internacional, sendo referência para guias alimentares publicados no Uruguai (2015), Equador (2018), Peru (2019), Chile e México (2023). O guia utiliza os conceitos de alimentos ultraprocessados, alimentos processados e alimentos in natura de acordo com a classificação NOVA de alimentos, criada pelos pesquisadores do Nupens e que representou uma quebra de paradigma na ciência de alimentos. Suas recomendações também são utilizadas na Bélgica, Canadá e Israel.

O Nupens existe há mais de 30 anos e consolidou-se como referência científica no Brasil e no mundo. Ao longo das décadas, dezenas de pesquisadores dedicaram esforços para produzir e compartilhar conhecimento. Essa história perpassa a trajetória do professor Carlos Monteiro, coordenador do Núcleo. Monteiro é professor emérito pelo Departamento de Nutrição da FSP.

Clique no player abaixo e confira o episódio da série A USP faz o Brasil melhor, da TV Cultura, que fala sobre o Guia:

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Histórico do Guia

A primeira edição do Guia Alimentar para a População Brasileira foi lançada em 2006, e teve grande importância para dar início às discussões sobre as iniciativas voltadas a alimentação e nutrição. Desde então, a sociedade passou por uma série de mudanças, incluindo o desenvolvimento da indústria de alimentos. Ao mesmo tempo, a epidemiologia registrava um crescimento expressivo da prevalência de obesidade e outras doenças crônicas não transmissíveis. O modo de se alimentar vinha sendo intensamente alterado, e o Guia Alimentar precisava acompanhar esses movimentos, e em 2006 surgiu uma nova versão mais didática e acessível a toda a sociedade.

O surgimento da NOVA, em 2009, revolucionou a maneira como a ciência enxerga a Nutrição, jogando luz sobre os diferentes tipos de processamento de alimentos, tecnologias necessárias e que fazem parte da rotina alimentar. O ponto crucial da classificação é a atenção para a extensão e o propósito do processamento industrial a que os alimentos são submetidos antes da sua aquisição, de seu preparo e do consumo pelos indivíduos. Por isso, sua definição propõe a categorização em quatro grupos: in natura/minimamente processados, ingredientes culinários, alimentos processados e alimentos ultraprocessados. Neste último caso, diversas evidências científicas vêm demonstrando a relação destes produtos com o desenvolvimento de obesidade, diabetes, câncer e outras doenças crônicas não transmissíveis, e por isso o Guia Alimentar, que baseia suas recomendações na classificação NOVA, traz uma regra de ouro, que resume, de certa forma, seu conteúdo: “Prefira sempre alimentos in natura ou minimamente processados e preparações culinárias a alimentos ultraprocessados”.

Já a edição de 2014 do Guia Alimentar teve grande impacto internacional por ter impulsionado novos conceitos e por ter superado ideias antigas, vigentes até sua publicação. Além de considerar o processamento de alimentos, o guia reconhece que a alimentação envolve nutrientes, mas também envolve alimentos, refeições e modos de comer. Considera ainda os aspectos sociais e culturais das práticas alimentares. Além disso, o Guia não determina um número ideal de porções para o consumo de cada alimento. Isso porque não existe uma única quantidade possível de um dado ingrediente para se ter uma alimentação saudável.

Outro ponto que ganhou destaque é a orientação sobre as circunstâncias que envolvem o ato de comer (como, onde e com quem comer), para além “do que comer”. Entra, aí, o conceito de comensalidade, que considera aspectos como tempo e a atenção dedicados ao comer, o ambiente das refeições e os fatores sociais envolvidos, como a companhia de outras pessoas. Por fim, o documento inclui reflexões sobre a sustentabilidade na alimentação, um conceito que engloba o impacto que nossas escolhas alimentares têm no planeta e nas pessoas que trabalham no setor alimentício. Trata-se de um olhar ampliado, que considera o sistema alimentar e suas consequências.

Mais informações sobre o Guia Alimentar neste link e download na íntegra aqui.

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*Com informações da Assessoria de Imprensa da FSP


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