A febre maculosa é caracterizada como uma doença infecciosa causada pela bactéria Rickettsia rickettsii e é transmitida pelo carrapato-estrela Amblyomma spp, que se hospeda em animais de pequeno e de grande porte, como a capivara. Recentemente, um número relevante de casos passou a preocupar as autoridades sanitárias, que voltaram a tomar algumas medidas de precaução com relação à doença.
Uma fazenda da USP conseguiu realizar o seu controle a partir do uso de carrapaticida e regulação do tamanho da grama local. Carlos Alberto Perez, agrônomo e entomólogo da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, explica que a instituição mantém uma campanha aos fins de semana do mês de julho, das 9h às 17h, para instruções sobre a patologia.
Doença
O especialista explica que, durante muito tempo, os casos de febre maculosa foram controlados e quase desapareceram no Estado de São Paulo. Isso aconteceu, pois a automedicação de antibióticos se tornou uma prática comum nos anos 30, 40 e 50, já que não havia obrigatoriedade de receita para a compra dos medicamentos. “Então, durante mais de 40 anos, houve um silêncio epidemiológico”, comenta ele.
Assim, a partir do momento que passou a ser necessária uma receita médica para a compra, os casos existentes começaram a ser mapeados. Em 2003, a Esalq registrou um óbito por febre maculosa, mas, nesse período, o papel da capivara na transmissão da doença ainda não era conhecido pelos pesquisadores. “Nós fomos descobrindo aos poucos como poderíamos tomar alguma atitude e controlar esse problema”, discorre Perez. Para evitar a transmissão, umas da possíveis medidas a serem tomadas é a manutenção do tamanho da grama em áreas verdes, juntamente à utilização de produtos registrados para essa finalidade com a supervisão de engenheiros agrônomos e florestais.
Transmissão
Uma das primeiras informações coletadas pelo instituto sobre a doença é o fato de a sua transmissão estar diretamente associada ao gramado. No período, já existiam formas de controle do carrapato-estrela, mas apenas relacionados aos casos de parasitismo, ou seja, quando o aracnídeo se hospeda em outros animais, como cachorros, cavalos e capivaras.
A partir desse período, os pesquisadores passaram a procurar maneiras de controle dos carrapatos por meio do uso de maquinários agrícolas. “Tratava-se de um problema ambiental, não de um problema de parasitismo”, explica o professor.
Perez detalha que, quando a fêmea termina de sugar o sangue do animal infectado com a bactéria Rickettsia rickettsii, ela cai no chão e abre um buraco no solo, onde deposita entre 7 mil e 10 mil ovos. Cerca de 95% destes viram carrapatos, que, quando originados de uma fêmea doente, também ficam infectados e passam a transmitir a doença ao picar os animais e humanos.
Os sintomas iniciais da doença são febre alta, dor de cabeça, dores no corpo e calafrio. Em um segundo estágio, pontos vermelhos nas palmas das mãos e nas solas dos pés começam a aparecer. O especialista explica que o desafio presente na identificação da doença é o fato de seus sintomas serem muito semelhantes aos de outras enfermidades, por isso, é necessário informar ao médico sobre o possível contato com carrapatos para um diagnóstico mais preciso.
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