Brasil tem situação mais preocupante da América Latina

Para especialista, situação política e econômica do País é mais grave do que a vivida na Venezuela

 19/09/2018 - Publicado há 6 anos

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As democracias latino-americanas são recentes e seus períodos pós-ditatoriais mais recentes ainda – no Chile, a democracia caiu no fatídico 11 de setembro de 1973, e só foi retomada em 1990, com Patricio Aylwin assumindo o cargo de primeiro presidente eleito pós-Pinochet. Pensando nesse contexto, e nas eleições por vir, a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP realiza o seminário internacional Democracia e desigualdade na América Latina, com o objetivo de debater a atual situação das democracias latino-americanas. Além do debate sobre o cenário político da região, o evento também constitui um ponto de partida para a criação de uma rede internacional de pesquisadores em torno da temática.

O Professor Ruy Braga, do Departamento de Sociologia da FFLCH, comentou sobre a situação venezuelana de profunda crise política e econômica, com taxa de inflação estimada para atingir 1 milhão% ao ano. Ele conta que a crise do país será abordada no seminário, e que a proposta é tratar da postura latino-americana de forma mais ampla, e  inseri-la num contexto global da “crise da globalização”. Para o professor, a situação da Venezuela é sim, grave, mas, ao se fazer uma análise isolada da situação, corre-se o risco de a descontextualizar do cenário mundial, que vem vivendo um processo de crise desde 2008, com a bolha especulativa do mercado imobiliário dos Estados Unidos.

Detalhe do cartaz do seminário internacional Democracia e desigualdade na América Latina – Reprodução / FFLCH

Braga salienta, no entanto, que, em sua opinião, o caso mais grave é o brasileiro. Ele explica que, desde 2016, o País passa por crise institucional, com um golpe parlamentar, e com uma crise econômica que gerou forte recessão. Além desse panorama, que vem se alastrando por dois anos, o País tem situação crítica no debate político em ano eleitoral. Ele salienta que há candidatos com propostas que tendem à extrema-direita, candidatos com propostas neoliberais e candidatos com propostas populistas, e que essa pobreza no debate pode ter sérias implicações para a democracia. O professor comenta ainda sobre a Argentina, que também será pauta do seminário e do chamado “novo neoliberalismo” aplicado de forma radical no país, o que traz retornos negativos, como alta na inflação, baixa no crescimento econômico e desarticulação dos serviços públicos.

O evento será nos dias 18 e 19 de setembro, das 19h às 21h, na sala 14 do prédio de Filosofia e Ciências, na Av. Prof. Luciano Gualberto, 315. É gratuito e não pede inscrição prévia.

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