
Desde final do ano passado, o Centro MariAntonia apresenta a exposição Memórias encontradas: entre a solidariedade e a perseguição, que traz a história de homens e mulheres que após o golpe de Augusto Pinochet em 11 de setembro de 1973 – no qual morreu o presidente Salvador Allende — ingressaram na Embaixada da Argentina, em Santiago do Chile, em busca de refúgio. Os perseguidos incluíam muitos brasileiros e brasileiras que também não puderam regressar ao Brasil. O público pode conferir a mostra de terça a domingo, e feriados, das 10h às 18h, com entrada gratuita, até o dia 30 de março.
A partir de documentos produzidos pela Dirección de Inteligencia de la Policía de la Provincia de Buenos Aires (DIPPBA), que fotografou e registrou todos os latino-americanos que foram asilados na Embaixada da Argentina, e produziu fotografias, fichas com datas de ingresso, antecedentes ideológicos e de destino posterior, a exposição foi idealizada pela Comisión Provincial por la Memoria de Buenos Aires e chegou a São Paulo, com a parceria do Instituto Vladimir Herzog, após ter passado pelo Uruguai, Chile, Argentina e, no Brasil, por Porto Alegre, Curitiba, Campinas e Niterói.
O material exposto no Brasil envolveu a tradução de sete painéis textuais que acompanham as fotos, bem como a produção de oito painéis fotográficos em tamanho natural de brasileiros que estiveram na embaixada. Dois deles, Daniel José de Carvalho e José Lavecchia, figuram entre os seis sequestrados e assassinados no Massacre de Medianeira, em 1974, cujos corpos até hoje não foram localizados.
A década de 1970 foi marcada por regimes ditatoriais no Brasil, na Argentina, no Chile, no Uruguai e no Paraguai, que deixaram mortos e desaparecidos, além de prisões políticas, torturas e exílios massivos. Ao mesmo tempo que se constata a colaboração entre os militares de diferentes países, também há a solidariedade dos povos que denunciaram a violência e salvaram vidas.
A artista Fulvia Molina integra a exposição com a instalação “Memória do Esquecimento”, com retratos de cada uma das 434 vítimas relatadas no Relatório da Comissão Nacional da Verdade, e que consiste de um conjunto de cilindros e painéis em acrílico e vinil transparente. Segundo Molina, a instalação “busca trazer para o presente, por meio de transparências e veladuras, as camadas de memória da dor de nosso passado ditatorial recente”.
Também o coletivo Linhas de Sampa apresenta dois painéis – “60 anos do golpe de 64 – Para que não se esqueça – Mortos e desaparecidos pela ditadura civil-militar no Brasil 1964-1985”, que registra os nomes de 434 mortos e desaparecidos reconhecidos pela Comissão Nacional da Verdade, e “60 anos do golpe de 64 – Ditadura Nunca Mais – Atrocidades cometidas pela ditadura civil-militar no Brasil 1964-1985“, que tem o objetivo de dar a conhecer às novas gerações o que aconteceu no país no período da ditadura, com a violência, a prática da tortura e os assassinatos por agentes do Estado.
Em março está prevista uma programação paralela, composta por mesas-redondas, ciclo de filmes, oficinas de bordado e visitas guiadas.
Serviço
Exposição Memórias encontradas: entre a solidariedade e a perseguição
Onde | Centro MariAntonia – Edifício Rui Barbosa — Rua Maria Antônia, 294 – Vila Buarque – São Paulo, SP (próximo às estações Higienópolis e Santa Cecília do metrô)
Quando | De 13 de dezembro de 2024 a 30 de março de 2025
Visitação | terça a domingo, e feriados, das 10h às 18h
Quanto | Grátis
Informações | (11) 3123-5202
*Com informações do Centro MariAntonia