Solstício de verão e manchas na Lua são destaque em boletim com novidades da astronomia

Está no ar a nova edição do boletim que traz também como o calendário evoluiu ao longo dos séculos, entre outras matérias, como o as pioneiras da ciência e a lenda do Coelho da Lua

 19/12/2024 - Publicado há 3 meses
Imagem de uma nebulosa obtida a partir de um telescópio
Messier 16 ou Nebulosa da Águia observada em luz infravermelha pelo telescópio espacial Hubble – Foto: NASA, ESA e a Equipe do Patrimônio do Hubble (STScI/AURA)

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A edição de dezembro do Boletim Dia e Noite com as Estrelas, produzido pelo Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP, já pode ser baixada gratuitamente
neste link. Como diz a professora Suellen Camilo (Instituto de Física da USP) no editorial, a nova publicação inicia explorando o curioso mistério por trás dos nomes dos meses e como o calendário evoluiu ao longo dos séculos. Em seguida, contempla o solstício de verão, indicando o início do verão no Hemisfério Sul. A edição também traz matérias sobre o legado de Charles Messier e seu catálogo de objetos celestes e sobre a trajetória de mulheres computadores da Nasa, e finaliza com a lenda do Coelho da Lua, uma narrativa sobre as misteriosas manchas da Lua de tradição do Leste Asiático. 

No artigo Por que não Dezembro?, o professor Arthur Junior (IAG-USP) explica por que dezembro, que é o 12º mês do ano, não tem outro nome, já que não é o 10º mês. O mesmo vale para novembro, que deveria ser o 9º mês, seguindo a lógica, diz o professor. “A história do nosso calendário atual é uma verdadeira jornada no tempo, moldada por diversas culturas e influências que explicam essas peculiaridades”, afirma, citando como exemplo o calendário egípcio, que já dividia o ano em 12 meses de 30 dias, com 5 dias adicionais ao final para alcançar os 365 dias solares. 

O professor Ramachrisna Teixeira (IAG-USP) escreve sobre o início do verão: “no dia 21 de dezembro de 2024, às 6,21 (horário de Brasília) teremos o solstício de verão para o Hemisfério Sul e de inverno para o Hemisfério Norte”. Segundo ele, o solstício de verão é que define o início do verão, como é o caso agora do Hemisfério Sul; ele representa aquele instante de máxima incidência da energia solar total nesse hemisfério e, portanto, a partir daí, a energia recebida começa a diminuir. “Os dias, embora mais longos do que as noites e tendo atingido suas durações máximas, começam a se encurtar. Os pontos de nascer e ocaso do Sol, que nesse dia foi o mais ao sul possível dos pontos cardeais leste e oeste, respectivamente, começam novamente, aos poucos, se aproximar dos mesmos”, informa. 

Em Messier e seu Catálogo, Beatriz Moraes (IAG-USP) conta quem é o famoso criador desse catálogo que traz belas imagens astronômicas: “Nascido em 1730, Charles Messier foi um grande astrônomo francês que largou seus estudos aos 11 anos em decorrência do falecimento de seu pai. Pouco tempo depois Messier testemunhou a passagem do cometa Klinkenberg-Chéseaux, que se tornou um dos objetos mais brilhantes no céu em 1744, iniciando assim uma paixão de Charles Messier pela astronomia e pelos cometas”. Como diz a autora, Messier, focado em suas pesquisas, se deparou frequentemente com objetos nebulosos que o confundiam e também outros astrônomos, e, para facilitar as identificações e evitar perda de tempo, decidiu construir um catálogo contendo esses astros de aparências difusas e que não eram cometas. 

Páginas da edição do boletim de dezembro – Foto: Reprodução/ Boletim DNCE


Na sequência, o artigo de Ana Beatriz Sousa (Escola de Comunicações e Artes – ECA-USP) apresenta
A História das Mulheres Computadoras da Nasa: Pioneiras da ciência e da igualdade. “Durante as décadas de 1940 a 1960, um grupo extraordinário de mulheres, muitas delas afro-americanas, desempenhou um papel essencial no avanço da ciência espacial nos Estados Unidos. Conhecidas como computadoras humanas, essas mulheres eram responsáveis por cálculos complexos que garantiram o sucesso de missões espaciais da Nasa, incluindo os primeiros voos orbitais e o programa Apollo”, informa, citando os nomes de Katherine Johnson, Dorothy Vaughan e Mary Jackson, que se destacaram por suas contribuições científicas e por sua luta contra a segregação racial e as barreiras de gênero presentes na época.

Por fim, a publicação traz a lenda do Coelho da Lua, que surge de um fenômeno chamado pareidolia: a tendência do cérebro humano de perceber padrões e atribuir símbolos conhecidos a formas que são, na verdade, aleatórias (como o costume de olhar as nuvens procurando “desenhos”). “Na região, criou-se o consenso de que as marcas na superfície da Lua cheia pareciam um coelho sentado do lado de um pilão de cozinha”, afirma Camila Sales (ECA-USP), contando que a história originou-se na região onde hoje é a China, como parte do folclore budista, e que se espalhou também pelo atual Japão e península coreana. 

O boletim Dia e Noite com as Estrelas é mensal e gratuito. Confira a última edição do boletim neste link. Acesse as edições anteriores clicando aqui. Caso queira recebê-lo diretamente, inscreva-se na lista de transmissão. Mais informações pelo e-mail: contatodncestrelas@gmail.com.


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