A edição de agosto do boletim Dia e Noite com as Estrelas (número 8, Ano 5), produzido pelo Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP, já pode ser baixada gratuitamente neste link. A publicação traz uma seleção de temas interessantes, como destaca a professora Suellen Camilo (do Instituto de Física da USP) no editorial. Entre eles, como ela destaca, está um fenômeno curioso: “Por que, apesar de serem esféricas, as estrelas parecem ter pontas quando as observamos no céu?”. No artigo As Pontas das Estrelas, o professor Ramachrisna Teixeira, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP, que também é coordenador da publicação, explica o porquê.
Como diz o professor, “podemos pensar em uma estrela como uma esfera gasosa, formada principalmente por hidrogênio, um pouco de hélio e muito pouco de outros elementos”, que, embora se diferencie de outras por tamanhos e outras características, “é muito grande, tão grande que caberiam milhões de planetas como o nosso em seu interior”. O professor ainda informa que “é também extremamente quente, milhões de graus em seu centro”, e que elas brilham “pois em seus interiores ocorrem reações de fusão nuclear, onde núcleos de átomos mais simples (hidrogênio, por exemplo) se juntam para formar núcleos de átomos mais complexos (hélio, por exemplo)”. Esse processo, segundo ele, ocorre com liberação muito eficaz de energia.
“Embora essa imagem não esteja tão distante da realidade, a menos de muitos detalhes, quando nos metemos a desenhar uma estrela, colocamos pontas. Mesmo os astrônomos o fazem”, diz o professor. “E por que colocamos pontas em uma esfera? No mínimo, os astrônomos deveriam desenhar uma esfera para representar uma estrela, não?” pergunta ele. “Desenhamos dessa forma pois quando olhamos para uma estrela, vemos pontas ao seu redor, ao redor de um centro brilhante”, responde. Mas, como ele relata, essas pontas não são da estrela, mas sim consequência da interação da luz das estrelas com irregularidades em nossos olhos. “Como consequência, a luz das estrelas é dispersa (espalhada) resultando em uma imagem com pontas. Esse efeito pode ser ampliado pela atmosfera. Podemos também ter resultados semelhantes ao observarmos as estrelas com telescópios devido a imperfeições ou características do sistema ótico utilizado”, conclui.
Além disso, a publicação traz uma análise sobre como as extinções em massa ao longo da história moldaram a vida que conhecemos hoje na Terra, e um resumo do 19º Encontro Anual do Projeto S-PLUS, realizado no Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, que abordou esse projeto astronômico que observa o universo local, e que tem sido conduzido regularmente desde 2017, utilizando o telescópio T80-South, de 80 cm, localizado em Cerro Tololo, no Chile. Há ainda uma novidade, a “astronomia em soneto”, uma junção criativa entre ciência e poesia. Por fim, a professora Suellen adianta que a equipe do boletim está desenvolvendo uma pesquisa para conhecer seus leitores.
O boletim
Lançado em setembro de 2020, o boletim Dia e Noite com as Estrelas tem o objetivo de levar a todos os interessados temas de grande relevância da astronomia, em linguagem acessível, eventos, informações do céu noturno no período correspondente, seção de perguntas e respostas, entre outros tópicos. Com periodicidade mensal, é produzido por estudantes de graduação e pós-graduação da USP, coordenados pelo professor Ramachrisna Teixeira, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG).
Confira a última edição do boletim neste link. Acesse as edições anteriores clicando aqui. Caso queira recebê-lo diretamente, inscreva-se na lista de transmissão. Mais informações pelo e-mail contatodncestrelas@gmail.com.