
Da cultura pop ao noticiário, os tubarões nem sempre são bem-vistos. De acordo com Pollyana Roque, pesquisadora do Instituto Oceanográfico (IO) da USP, “a maioria dos filmes retrata os tubarões como animais terríveis e assustadores”. Mas a realidade é que esses predadores marinhos são mais ameaçados pelos seres humanos que o contrário, muitas de suas espécies estão severamente ameaçadas, o que prejudica a biodiversidade marinha, já que esses animais desempenham funções ecológicas fundamentais.
Pollyana explica que os tubarões são considerados predadores de topo, ou intermediários na teia alimentar, e interferem direta ou indiretamente nas populações marinhas que predam, contribuindo com o equilíbrio do seu ecossistema. Estimativas populacionais para tubarões realizadas anualmente desde o início da década de 70 revelam o declínio no número de indivíduos de várias espécies. Essa diminuição leva a um descontrole nas populações dos animais predados pelos tubarões e um subsequente impacto nos seres vivos encontrados na base da cadeia alimentar.
Ameaça humana

O colapso populacional dos tubarões está associado à pesca e à captura acidental. A pesquisadora destaca a prática do finning, em que o animal é capturado apenas para retirada de suas nadadeiras, o que movimenta um comércio lucrativo, enquanto o resto do animal é jogado ao mar. Essas ações são ainda mais danosas devido ao crescimento lento, maturidade sexual tardia e geração de poucos descendentes dos tubarões quando comparados a outros peixes, o que os torna ainda mais vulneráveis à pesca predatória.
Das quase 600 espécies conhecidas de tubarões, apenas dez estão envolvidas em incidentes fatais. Esses incidentes são mordidas que ocorrem no habitat natural dos tubarões sem que haja a provocação humana. Pollyana aponta que eles podem ocorrer devido a choques involuntários, comportamento de fuga durante condições de baixa visibilidade e curiosidade do animal. Os tubarões também podem confundir banhistas e surfistas com suas presas naturais. Não entrar no mar com águas turvas, com marés de grande amplitude, nos períodos chuvosos ou no amanhecer e entardecer e não utilizar metais, como pingentes e bijuterias, são algumas dicas da professora para evitar um incidente com esses animais. Segundo Pollyana Roque, “os tubarões estão no seu ambiente e nós seres humanos estamos entrando nele. Promover a consciência ambiental é o melhor meio de reduzir os incidentes”.
*Sob supervisão de Paulo Capuzzo
Parceria: Cátedra Unesco para Sustentabilidade do Oceano - Instituto de Estudos Avançados, Instituto Oceanográfico, Rádio USP e Jornal da USP
Produção: Alexander Turra, Katharina Grisotti e Julia Lima Monteiro Carvalho
Coprodução: Cinderela Caldeira, Alessandra Ueno, Julia Galvão e Guilherme Castro Sousa Edição: Rádio USP E-mail: ouvinte@usp.br
Edição: Rádio USP
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