“Plataformas (digitais) determinam regras do debate público”, afirma Nina Santos

De acordo com a especialista, a lógica e a estrutura por trás dos fluxos de informação, dentro das redes sociais, ainda se encontram restritas às grandes plataformas

 16/08/2021 - Publicado há 3 anos
Dentro de um ambiente digital, as grandes plataformas aparecem como intermediários da informação – Foto: Rawpixel – Freepik
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Desde que surgiu, a internet vem tomando um papel cada vez maior de destaque no campo da comunicação ao redor do mundo. Segundo a empresa de pesquisa GlobalWebIndex, nos primeiros meses de 2019 o tempo diário médio que cada pessoa dedicou a sites ou aplicativos de mídia social foi de 143 minutos. À época, o Brasil chegou a ter um tempo médio de 225 minutos. Com isso, torna-se importante conhecer as estratégias tecnológicas das quais a desinformação pode tirar vantagem, podendo ameaçar, inclusive, a ordem democrática em diversos locais.

“Estamos falando de como essas tecnologias são construídas para fazer com que a informação circule de acordo com determinadas lógicas e critérios. Isso não está necessariamente na mão dos usuários”, explica a pesquisadora Nina Santos, do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Democracia Digital. Com as redes sociais, a estrutura de privilegiar determinados fluxos de informação, em um espaço utilizado para a construção de relações interpessoais, passou a ser parte da estratégia já tradicional de desinformação. “Hoje, com os ambientes digitais, há por um lado a democratização do poder de fala, mas também um controle e confiabilidade menores nas informações que circulam”, indica Nina.

Dentro de um ambiente digital, as grandes plataformas aparecem como intermediários da informação. Na posse de dados de seus usuários, de seus respectivos modelos de negócios e de seus algoritmos, essas plataformas devem ser vistas como atores de uma sociedade democrática. “Essas plataformas determinam regras do debate público”, afirma Nina. A partir da coleta de dados, a disseminação informativa é construída de forma personalizada. Diferente do jornal impresso, que era o mesmo para os assinantes, as redes sociais passam a ser um polo muito mais difuso e variado de usuário para usuário.

“Essa lógica do debate público está sendo determinada de forma privada. Não sabemos como os algoritmos funcionam, não sabemos como as decisões são tomadas dentro das empresas”, lembra Nina, indicando que o caminho deve ser de cobrar transparência e democracia para mídias sociais, já que relações interpessoais que vão desde uma conversa entre amigos até eleições presidenciais podem ser definidas dentro desse ambiente digital.

Com isso, especialistas se propõem a entender as formas como a desinformação pode se dar nessa escala e como enfrentá-la. No dia 19, o Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP promove um evento sobre o tema. Clique aqui para saber mais. “É o uso que fazemos desse ambiente que gera determinados impactos na democracia”, conclui Nina.


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