Alta produção de lixo pode ter solução com união de esforços

Segundo Ednilson Viana, população brasileira deve fazer separação do lixo e exigir do poder público estrutura para coleta e encaminhamento para indústria recicladora

 18/06/2021 - Publicado há 3 anos
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A alta produção de lixo traz diversos riscos ao País, entre eles o esgotamento de locais para os aterros sanitários – Foto: Marcos Santos/USP Imagens

 

De 2010 para 2019, a produção de resíduos sólidos urbanos (RSU) no Brasil saltou de 67 para 79 milhões de toneladas. Os números são do Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2020, levantamento realizado pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública (Abrelpe), e mostram a necessidade de união de esforços para minimizar o problema. É o que defende Ednilson Viana, professor do curso de Gestão Ambiental da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP.

Para Viana, a população deve assumir a responsabilidade de separar o lixo que produz e exigir do poder público condições de coleta e destinação para a indústria da reciclagem. Além disso, instituições de ensino e pesquisa podem ajudar com soluções para evitar o cenário da alta produção de lixo no País e a baixa reciclagem.

Qual é a situação do lixo no Brasil?

A alta produção de lixo traz diversos riscos ao País, entre eles o esgotamento de locais para os aterros sanitários, destino correto para os resíduos, que, avalia Viana, devem ser preservados. Os aterros precisam receber somente o mínimo possível de lixo; para tal, “é preciso trabalhar o desvio pela coleta seletiva, segregando na nossa casa esses materiais”, adianta o professor.

Os destinos inadequados para os resíduos, como os lixões, também preocupam “porque eles não têm proteção nenhuma do solo”- Foto: Wikipédia

 

Porém, ainda que os aterros sanitários sejam a melhor alternativa para os resíduos, o aumento desses espaços não é uma opção inteligente. Segundo Viana, além de não serem tão sustentáveis, ainda afetam a economia, já que “são aterrados milhões em recursos financeiros sob a forma de matéria-prima que poderia ser aproveitada”. Garante o professor que, se mais bem utilizada, a produção de lixo também pode gerar mais empregos para os brasileiros, além da questão do esgotamento de recursos naturais, que evitaria: “Areia para o vidro; petróleo para o plástico; minérios para os metais, e assim por diante”.

Os destinos inadequados para os resíduos, como os lixões, também preocupam Viana, “porque eles não têm proteção nenhuma do solo”. Além disso, oferecem riscos à fauna e à flora. De 72,7 milhões de toneladas de resíduos coletados em 2019, 40% foram destinados para lixões e aterros controlados, o que contraria a Política Nacional de Resíduos Sólidos de 2010 (PNRS), que previa a extinção desses espaços até o ano de 2014. Como a meta não foi cumprida, o objetivo foi prorrogado para 2021, conforme o Marco Legal do Saneamento Básico de 2020, e tende a continuar nesse processo por mais anos. Ainda assim, a cobertura de coleta no Brasil cresceu entre o período de 2010 a 2019, passando de 88% para 92%.

Para o especialista da USP, a solução para a alta produção de lixo e baixa reciclagem no País está em uma união de esforços. A população, afirma, tem o papel de separar adequadamente o lixo que produz e cobrar o poder público que, por sua vez, deve fornecer estrutura e realizar o encaminhamento correto do lixo. Viana defende que a sociedade deve ser orientada sobre a separação correta dos resíduos e o poder público deve ainda promover educação ambiental nas escolas e incentivar a indústria recicladora, o que aumentaria o mercado de reciclagem no País. Já as instituições de ensino e pesquisa, segundo o professor, podem contribuir aproximando a “população e o poder público do conhecimento científico”, auxiliando no processo de aproveitamento da matéria-prima.


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