Tóquio 2021 será marcada pelos impactos da pandemia na preparação física dos atletas

Rotina de treinamento e participação dos atletas em várias competições classificatórias para os jogos foi alterada em tempos de pandemia, com “impactos bastante pronunciados no condicionamento físico”, segundo Emerson Franchini

 07/06/2021 - Publicado há 3 anos
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A mudança no calendário alterou a rotina de preparação dos atletas olímpicos, centrada no período de quatro anos, o chamado ciclo olímpico – Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil via Fotos Públicas
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A remarcação da data dos Jogos Olímpicos anunciada pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) em março de 2020, em função da pandemia da covid-19, marcou a primeira edição adiada da história dos jogos — que completaram 125 anos. A mudança no calendário alterou a rotina de preparação dos atletas olímpicos, centrada no período de quatro anos, o chamado ciclo olímpico. Com a pandemia, por exemplo, muitos circuitos mundiais foram paralisados e atletas treinavam por conta própria.

No ciclo, são trabalhados os condicionamentos físico, psicológico e nutricional dos esportistas para que eles cheguem aos jogos nas melhores condições. Com a remarcação da Olimpíada (de 23/7 a 11/8) e da Paralimpíada (24/8 a 5/9), alguns atletas que planejavam fazer sua última campanha no ano passado acabaram adiantando o processo de aposentadoria por estarem numa situação limite. 

A japonesa Risa Shinnabe, medalha de bronze com a seleção feminina de vôlei em Londres-2012, foi uma delas. Após o anúncio do adiamento, a levantadora de 30 anos, que desenvolveu problemas na mão direita nas últimas campanhas, optou por antecipar sua aposentadoria. 

Impactos no condicionamento físico

“É altamente provável que nós tenhamos impactos bastante pronunciados no condicionamento físico desses atletas, no rendimento esportivo. Especialmente nas modalidades em que os aspectos fisiológicos são determinantes para o desempenho, ou então em modalidades em que o treinamento precisa acontecer em conjunto”, diz o professor da Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP, Emerson Franchini, que já foi preparador físico da equipe de Judô da Seleção nos Jogos de Londres (2012).

Ele está envolvido em um levantamento, com pesquisadores de mais de 140 países, que coletou informações de quase 12.500 atletas entre março e junho do ano passado. Um dos resultados foi que menos de 39% deles foram capazes de executar os treinamentos específicos das suas próprias modalidades. Antes do período da pandemia, 23% desses atletas relataram conduzir mais do que 11 sessões semanais de treinamento. Mas esse número caiu para 2%, como destaca Franchini.

Nas modalidades em que os atletas são classificados por categorias de peso — como judô, karatê, boxe, taekwondo -,  foi verificado também, em outro estudo com atletas sul-americanos, que, num período de 20 dias de confinamento, esses esportistas aumentaram em 5% a massa corporal. “Isso indica que eles vão ter mais dificuldade para se adequar aos limites da categoria”, comenta o professor, que é um dos autores do trabalho.

Possível quebra de rendimento

“Alguns pesquisadores comparam essa situação da pandemia com o que aconteceu após as duas grandes guerras: quando observamos a evolução dos recordes, há uma quebra”, diz, em referência ao período histórico em que foram canceladas as Olimpíadas de 1916, 1940 e 1944.

“Logo vamos saber se isso, efetivamente, vai acontecer ou não. Mas já é altamente provável que tenhamos um desempenho aquém daquele que seria esperado pela evolução natural do desempenho dos atletas ao longo dos anos.”


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