Novo currículo do ensino médio não considera formação de professor

Para Cristina Cinto Araujo Pedroso, a alteração prevê que pessoas com cursos de complementação pedagógica ou consideradas com notório saber poderão atuar como professores, sem necessidade de certificação de licenciatura

 11/09/2020 - Publicado há 4 anos
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Recentemente, o governo do Estado de São Paulo anunciou que, a partir do ano que vem (2021), o ensino médio terá mudanças em seu currículo. Ao seguir a lei do novo ensino médio, de 2017, São Paulo torna-se o primeiro Estado a adotar as novas determinações.

Mas o que de fato mudou com essa nova lei criada em 2017? “Esse conjunto de mudanças altera significativamente a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). De maneira mais específica, essas normativas relacionadas à reorganização do ensino médio, de âmbitos federal e estadual, impactam o currículo desse nível de ensino em sua organização, a carga horária e as áreas de conhecimento, por exemplo”, comenta Cristina Cinto Araujo Pedroso, professora do Departamento de Educação, Informação e Comunicação (Dedic) da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP de Ribeirão Preto.

Ela também comenta que, a partir disso, o currículo deve seguir a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) aprovada em 2018 e que essa base é passível de críticas, pois altera o perfil do profissional habilitado a dar aulas no ensino médio. Nesse caso, aquelas pessoas com cursos de complementação pedagógica ou consideradas com notório saber poderão atuar como professores do ensino médio, sem a necessidade de uma certificação de licenciatura.

Segundo um levantamento feito pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD), a evasão escolar continua sendo o principal desafio enfrentado pela educação brasileira e, para Cristina, não se pode afirmar que essa condição irá melhorar com a adoção das novas leis curriculares. “Precisamos acompanhar a implementação e os seus desdobramentos. Entretanto, as condições objetivas das escolas públicas estaduais, ou seja, a estrutura física, recursos materiais e humanos, as condições de trabalho oferecidas aos professores, nos levam a considerar que esse modelo não tem a capacidade de fazer com que o jovem permaneça na escola”, conclui a professora.

Saiba mais ouvindo a entrevista completa no player acima.


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