Em caso de violência doméstica, denuncie ou ofereça ajuda

Escritório USP Mulheres estimula comunidade universitária a identificar casos de violência e fazer intervenção adequada

 08/07/2020 - Publicado há 4 anos
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Foto: Reprodução Escritório USP Mulheres

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Amigo, vizinho ou qualquer pessoa que presencie ou perceba violência contra mulheres e meninas podem e devem denunciar. Para ajudar na intervenção adequada nesse tipo de situação, o Escritório USP Mulheres lançou a campanha A USP ‘Mete a Colher’ na Violência Doméstica.

A ideia é desmistificar o ditado que sugere o não envolvimento em problemas conjugais ou familiares alheios. “Todo mundo sabe, mas ninguém tem coragem de enfrentar e denunciar a violência contra a mulher e, assim, o feminicídio é crescente. A campanha visa desnaturalizar essas formas arraigadas de violência de gênero”, ressalta a professora Maria Arminda do Nascimento Arruda, coordenadora do Escritório USP Mulheres.

A equipe do escritório mapeou os serviços de acolhimento e atendimento psicológico, jurídico, social e de saúde oferecidos pelo poder público nas nove cidades em que a Universidade possui campus ou unidade: São Paulo, Bauru, Lorena, Piracicaba, Pirassununga, Ribeirão Preto, Santos, São Carlos e São Sebastião.

Esse mapeamento está disponível no site do escritório e foi encaminhado aos dirigentes de unidades, órgãos centrais e prefeituras dos campi para divulgação entre os profissionais que realizam esse tipo de acolhimento em suas unidades e membros das Comissões de Direitos Humanos.

Para a coordenadora do USP Mulheres, a comunidade USP é representativa, com mais de 100 mil pessoas entre alunos, professores e funcionários, por isso o incentivo para “meter a colher” em casos de violência. “A comunidade universitária é um lugar especial para tratar questões sobre a violência porque produzimos pesquisa, dados. Conhecemos o problema e podemos oferecer subsídios para a sociedade criar políticas públicas e enfrentar a situação.”

As aulas e atividades na USP estão interrompidas desde março e por isso os campi estão mais vazios. Mas em qualquer caso de violência, a Guarda Universitária deve ser acionada. É possível ligar diretamente ou utilizar o aplicativo de celular Campus USP, desenvolvido pela Superintendência de Tecnologia da Informação (STI) em parceria com a Superintendência de Prevenção e Proteção Universitária. No aplicativo, é possível chamar a central da Guarda Universitária do seu campus, registrar ocorrências, inclusive de violência contra a mulher e acionar o estado de alerta no telefone.

Como agir?

Em casos gerais de violência contra a mulher, a campanha do escritório destaca que há dois principais caminhos para ajudar. Denúncias ou mesmo conhecer os direitos e recursos de apoio e proteção disponíveis na sua região, é só ligar no número 180. Ele é da Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência, serviço oferecido pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH).

Em situações de risco imediato, urgência ou necessidade de rápida intervenção, é preciso ligar no número 190 da Polícia Militar. Ele está disponível 24 horas por dia, em todo o território nacional. A central atende pedidos de socorro ou denúncia de agressão em andamento envolvendo conflitos domésticos.

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Cartaz da campanha A USP ‘Mete a Colher’ na Violência Doméstica – Arte: Hellen Gama / USP Mulheres

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Desde 2012, decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) considerou que a Lei Maria da Penha pode de ser aplicada mesmo sem queixa da vítima. Isso significa que qualquer pessoa pode fazer a denúncia contra o agressor, inclusive de forma anônima.

De março a abril, 143 mulheres foram mortas no Brasil pelo simples fato de serem mulheres. Um aumento de 22,2% nos casos de feminicídio em relação ao mesmo período de 2019, segundo relatório do Fórum Brasileiro de Segurança Pública publicado em junho.

O crescimento está relacionado ao início do isolamento social provocado pela covid-19, já que muitas mulheres não conseguem realizar a denúncia por não poderem sair de casa e por medo da proximidade de seu agressor, de acordo com o relatório.

#HeForShe

A campanha A USP ‘Mete a Colher’ na Violência Doméstica integra ações que estão sendo estimuladas pela ONU Mulheres dentro do programa Impacto 10X10X10, do movimento #ElesPorElas (#HeForShe, em inglês), da qual a USP é parceira desde 2016. A proposta da ONU é chamar a atenção para as principais consequências da covid-19 na vida das mulheres, como a sobrecarga nas tarefas domésticas e no cuidado com familiares; o aumento da violência doméstica com o isolamento social; a fragilidade econômica das mulheres decorrente da menor remuneração e dos trabalhos informais; além dos impactos na saúde das mulheres e nas trabalhadoras da área da saúde.

Com informações do Escritório USP Mulheres


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