José Mojica Marins soube explorar as crendices do povo simples

Morto no dia 19, cineasta, criador do Zé do Caixão, foi original e teve lado transgressor e subversivo, afirma professor da USP

 20/02/2020 - Publicado há 4 anos

Ouça no link abaixo entrevista do professor Rubens Rewald, da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, sobre o cineasta José Mojica Marins (1936-2020), transmitida ao vivo no dia 20 de fevereiro de 2020 no programa Via Sampa, da Rádio USP (93,7 MHz).

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O cineasta José Mojica Marins, o Zé do Caixão, dirigiu 43 produções e atuou em mais de 50 filmes – Foto: Reprodução/TV Brasil via Agência Brasil

O sucesso do cineasta José Mojica Marins, o Zé do Caixão, que morreu na quarta-feira passada, dia 19, aos 83 anos, se deve, em boa medida, ao fato de que ele conhecia a alma da população brasileira mais simples, instalada nas zonas rurais e nas pequenas cidades do interior do Brasil. Da mesma forma como Amácio Mazzaropi (1912-1981) – outro cineasta famoso – explorou os sentimentos populares através do humor, Zé do Caixão fez o mesmo voltando-se para as crendices, lendas e medos das pessoas. “Ambos souberam captar bem o gosto popular do brasileiro.”

Cena de Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver (1967), filme de José Mojica Marins – Foto: Reprodução

A análise é do professor Rubens Rewald, do Departamento de Rádio, Cinema e Televisão da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, em entrevista transmitida ao vivo pelo programa Via Sampa, da Rádio USP (93,7 MHz), no dia 20. “Ele trabalhou os ‘causos’ de cemitérios, de corpos que renascem, comuns no interior, com uma certa pitada sexual. Os filmes dele sempre têm uma carga erótica muito forte, e isso também faz bastante sucesso no cinema brasileiro”, disse Rewald. “De uma forma muito própria, pessoal, ele conseguiu reunir tudo isso e fazer uma obra bastante original.”

Cena de Encarnação do Demônio (2008), de José Mojica Marins – Foto: Reprodução

Ainda de acordo com o professor, Mojica, apesar de sua aparente ingenuidade, também é visto como um cineasta subversivo e transgressor, que foi perseguido pela censura. Isso em razão da “grande dose de sexualidade, com termos fortes”, considerados até mesmo como analogias à ditadura militar (1964-1985). “É um autor bem peculiar de uma determinada época.”

Ouça no link acima a íntegra da entrevista do professor Rubens Rewald à Rádio USP.

 

 


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