USP pesquisa alterações cerebrais durante o envelhecimento

Geraldo Busatto explica que é possível que enfermidades como Alzheimer modifiquem conexões cerebrais com o envelhecimento

 30/01/2020 - Publicado há 4 anos     Atualizado: 31/01/2020 as 10:50
Foto: Vormingplus/Flickr-CC

O Laboratório de Neuro-Imagem em Psiquiatria (LIM21), que faz parte da rede de Laboratórios de Investigação Médica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HCFMUSP), tem focado seus estudos mais recentemente não só em envelhecimento saudável, mas também em pesquisas sobre demência. Hoje, um dos temas do LIM21 é a conectividade funcional do cérebro durante o envelhecimento. É essa conectividade a responsável por desempenhar as atividades cotidianas como os pensamentos, as ações motoras e as percepções do ambiente de maneira integrada.

“Conectividade funcional tem a ver justamente com isso: é a forma como diferentes partes do cérebro humano atuam de maneira coordenada. Essa coordenação pode ser, por exemplo, a partir de duas regiões cerebrais distantes que precisam simultaneamente aumentar o nível de atividade para o bom desempenho de uma tarefa, enquanto outras [partes] precisam ser inibidas para que o cérebro funcione bem”, explica Geraldo Busatto Filho, professor do Departamento de Psiquiatria da FM-USP e coordenador do LIM21, em entrevista ao Jornal da USP no Ar.

De acordo com Busatto, doenças podem alterar essas conexões coordenadas. Ele cita como exemplo a principal rede de conexão funcional conhecida do cérebro humano, chamada de “Rede de Modo Padrão”, importante para atividades de memória e lembranças de fatos recentes. “Nós sabemos que essa conectividade pode diminuir na doença de Alzheimer, principal causa de demência associada ao envelhecimento. Esses estudos são importantes, porque você pode distinguir os padrões de conectividade funcional entre pessoas com mais de 65 anos e [os diagnosticados com a] doença de Alzheimer.”

Para o professor, o que está no cerne da investigação é justamente a indagação científica se existe, durante o envelhecimento cerebral mais “normal”, alguma diferença em relação às pessoas mais jovens. Estudos com ressonância magnética feitos pelo LIM21 e por outros centros renomados no mundo já identificaram, há vários anos, que, à medida em que o tempo passa, é normal que haja diminuição do volume de determinadas regiões cerebrais, das condições físicas da substância branca e, inclusive, da glicose. 

“No envelhecimento patológico, a atividade compensatória dessa perda, que vem com o tempo, fica dificultada. Aqui, a dica é imaginar que se a pessoa consegue se manter ativa, a capacidade de compensação fica preservada. Há vários aspectos da vida saudável que podem ajudar a manter essa capacidade compensatória”. Segundo Busatto, o motivo de a USP ter se interessado por esse estudo é que, com o tempo, ficou evidente cientificamente que as técnicas foram ficando mais simples. São feitos cada vez mais exames de fácil reprodutividade, recrutando várias pessoas de forma acessível e não havendo nenhum grau de invasibilidade.

Ouça a entrevista na íntegra no player acima.


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