Não tomar café da manhã aumenta riscos de desenvolver obesidade

Elsie Forkert comenta que o comportamento típico de adolescentes modifica o balanço energético do corpo afetando todo o metabolismo

 08/08/2019 - Publicado há 5 anos     Atualizado: 29/10/2019 as 9:50
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Já se discute consideravelmente sobre fatores preditores de obesidade como falta de sono ou predisposição genética, por exemplo. No entanto, um estudo publicado com colaboração do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) chamou a atenção para outro comportamento que pode levar a um aumento dos marcadores de obesidade: a negligência com a primeira refeição do dia, o café da manhã.

“Esse quadro vem aumentando a cada dia e a ONU está avaliando isso que chamamos de ‘comportamentos relacionados ao balanço energético’, ou seja, basicamente os comportamentos que produzirão o ganho ou a perda de peso. Está ficando uma situação muito delicada porque esses comportamentos impactam em fatores de risco cardiovascular e cardiometabólico. Foi isso que o nosso estudo quis pesquisar e avaliar”, contou ao Jornal da USP no Ar a epidemiologista Elsie Forkert.

Ela explica que sempre achamos que o sono é preditor de obesidade, mas o estudo mostrou que, mesmo que o indivíduo durma adequadamente, caso ele pule o café da manhã os marcadores de adiposidade crescem. Essa alteração no comportamento é algo que se vê em escala global, não apenas no Brasil. Elsie contou que entre os indivíduos estudados que negligenciaram o café da manhã, “os europeus aumentaram em média cerca de três centímetros de circunferência na cintura e as europeias, dois centímetros”.

O grande problema é que quando os adolescentes optam por não realizar esta primeira refeição do dia, muito provavelmente farão escolhas inadequadas pouco tempo depois. “O adolescente quando deixa de tomar o café da manhã, fará escolhas muito inadequadas no meio da manhã. Deixará de ingerir laticínios, cereais e frutas para optar por alimentos de baixo valor nutricional”, comenta Elsie, que também integra o Grupo de Pesquisa YCARE (Youth/Child Cardiovascular Risk and Environmental). 

A importância do café da manhã se dá pelo fato de suceder a um jejum prolongado e ser responsável por cerca de 25% do total de energia que precisamos nas 24 horas do dia para nutrir nossas células. “Pulando essa etapa, ele acaba comprometendo metabolicamente seu organismo”. É muito fácil esses comportamentos se transformarem em hábitos, e assim passarem a ser reproduzidos automaticamente. “Precisamos reverter esse quadro porque ele agravará fatores cardiovasculares e cardiometabólicos muito precocemente. Serão adultos hipertensos, com colesterol alto, problemas ósseos e articulares”, conclui. 


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