Carro autônomo deve ir às ruas depois de ganhar competição virtual

Simulações apontam falhas de programação, permitindo avanço tecnológico, dizem cientistas premiados

 06/08/2019 - Publicado há 5 anos     Atualizado: 08/08/2019 as 10:55
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Pesquisadores da USP são premiados em desafio para aumentar segurança de carros autônomos usando uma plataforma virtual que simula percursos, o Car Learning to Act (Carla). A Equipe de São Carlos conquistou prêmio de US$ 17 mil depois de vencer três das quatro categorias em uma disputa internacional que envolveu 211 participantes. Como em um rally da vida real, a competição internacional demandava veículos capazes de percorrer rotas virtuais, encarando engarrafamento, chuva, placas de trânsito, semáforos, carros desavisados, pedestres incautos além de outros imprevistos. A competição foi patrocinada por empresas líderes na corrida pelo desenvolvimento da tecnologia de veículos autônomos. A responsável pelo software de simulação era uma empresa espanhola.

O aluno de doutorado, do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC), Luis Alberto Rosero conta que não haviam simuladores desse tipo disponíveis aos pesquisadores, até então. “O Carla é importante porque roda os códigos desenvolvidos pelos competidores 24 horas por dia, inúmeras vezes. Assim, são apontadas possíveis falhas, que permitem aperfeiçoamento”, explica. Iago Pachêco Gomes, mestrando da mesma unidade, diz que o próximo passo após o desafio vencido é testar em ambiente urbano os novos códigos desenvolvidos na plataforma virtual. “Nem tudo é possível de colocar em prática ainda, pois algumas das situações simuladas geram perigo. Mas, é colocando a tecnologia nas ruas que avançamos”, argumenta no Jornal da USP no Ar.

Os dois pesquisadores fazem parte do Laboratório de Robótica Móvel do ICMC, coordenado pelos professores Denis Wolf e Fernando Osório. A equipe é composta também por Angelica Mizuno Nakamura, Jean Amaro, Tiago Cesar dos Santos e Júnior Anderson Rodrigues. Gomes comenta que, além do time oficial, os outros membros do laboratório contribuíram em conversas do dia a dia e em apontamentos triviais que no fim se mostraram importantes. 

Outro projeto desenvolvido pelos cientistas é o Carina, um caminhão autônomo. “Aproveitamos o conhecimento obtido nessa pesquisa para começar a desenvolver o sistema autônomo que controla o veículo na simulação desde o zero. Além do traquejo ganho com o desenvolvimento do caminhão, reaproveitamos alguns códigos e melhoramos outros. Então, saímos um passo na frente”, declara Gomes.

Ele esclarece que as etapas eram divididas por limite sensorial. “O veículo pode ter sensores de som, de infravermelho. Isso orienta o carro. Ele detecta uma informação pelo sensor, analisa, e tem uma ação como resposta. No nível mais fácil a detecção sensorial é completa. No mais difícil, existem apenas câmeras”, explica. Os pesquisadores começaram pela dificuldade mais simples, na qual já tinham a experiência com o Carina. “Nosso diferencial foi a divisão de tarefas. Nossa equipe tinha praticamente um especialista de cada área de carros autônomos. Então, aperfeiçoamos nossos sistemas em tempo real”, aponta Rosero. Tudo isso se deu nos últimos seis meses.

O doutorando alega que o desenvolvimento de carros autônomos acarretará em diversas categorias de economia. “Os veículos terão maior longevidade, haverá menos gasto com manutenção ou possíveis colisões. Entretanto, o fundamental é diminuir o número de acidentes. Fora o menor custo hospitalar, serão preservadas vidas”, defende. Por isso, a competição não primava pela velocidade, como na fórmula 1, mas sim pelo veículo que cometesse menos infrações. “O desafio era fazer com que o veículo trafegue nas ruas sem colidir, respeitando semáforos e intersecções, entre uma série de outras coisas características da navegação urbana”, expõe Gomes.


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