A taxa de desemprego no Brasil aumentou para 12% no trimestre móvel encerrado em janeiro, atingindo 12,7 milhões de pessoas, segundo dados divulgados nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A alta do desemprego neste início de 2019 reflete, principalmente, um movimento sazonal de dispensa após as contratações de final de ano. O Jornal USP no Ar entrevistou o professor Wilson Amorim, do Departamento de Administração da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP, a fim de compreender o cenário atual no mercado de trabalho e uma possível retomada de empregos.
O Brasil, desde 2017, está passando por um período de crescimento econômico muito baixo – quando não, negativo. A projeção da taxa média de elevação até 2022 está abaixo dos 3%. Esse cenário implica falta de dinamismo para absorver o contingente de desempregados. Se houver crescimento significativo de empregos será no mercado informal, comenta o professor Amorim. O crescimento do trabalho informal bateu novo recorde, mais de 23 milhões.

A política econômica mais recente busca a desregulamentação e a diminuição de custos nas contratações, com o objetivo de aumentar o número de empregos formais. Entretanto, o professor explica que não foram lançadas até agora medidas efetivas para estimular a produção. Há uma crença de que a desregulamentação da economia, ou a adoção de medidas de recorte liberal, já seriam suficientes para criar um ambiente economicamente favorável, mas não é isso que acontece.
Atualmente, há inúmeras incertezas sobre qual será a política comercial empregada pelo novo governo, bem como a política educacional e tecnológica. Segundo Amorim, um posicionamento claro do governo em relação a todos esses campos é fundamental para criar um ambiente favorável ao crescimento produtivo. Como isso não acontece, as empresas estão em compasso de espera.