Jovens são os mais afetados pelo desemprego e desalento

Grupo tem menos oportunidades no mercado de trabalho por falta de experiência e qualificação

 05/10/2018 - Publicado há 5 anos

jorusp

As mulheres, parte da população da Região Nordeste, pessoas com baixa escolaridade, jovens adultos (de 18 a 24 anos) e pessoas que não são chefes de família são os grupos sociais que mais desistem de ingressar no mercado de trabalho ou retornar a alguma ocupação para ter renda. O fenômeno, chamado de desalento pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é confirmado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Para comentar sobre o assunto, o Jornal da USP no Ar conversou com o professor José Paulo Chahad, do Departamento de Economia da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP.

O desalento está ligado ao desemprego, ou seja, os dois oscilam simultaneamente. O especialista explica que não é possível elencar apenas uma causa desencadeadora do desalento, pois os aspectos estruturais, estatísticos e tomográficos também fazem parte da equação. Os mais afetados por esse fenômeno, de acordo com Chahad, são os chamados trabalhadores secundários: jovens, mulheres e idosos, em sua maioria, que não têm como objetivo final a inserção no mercado de trabalho, mas contribuem para a renda da família.

Os jovens, principalmente, sofrem mais com o desemprego, rotatividade, informalidade e, consequentemente, com o desalento, afirma Chahad. Eles têm menos oportunidades por comporem um grupo com menos experiência e qualificação. Quanto a isso, o professor ressalta que a falta de mão de obra qualificada no Brasil, por conta da baixa escolaridade, é um grande obstáculo para a retomada do crescimento do País. Se os profissionais brasileiros fossem mais qualificados, o custo de produção diminuiria, o que proporciona o aumento da produtividade, com salários maiores e alto nível de concorrência.

A partir de políticas públicas, segundo Chahad, a economia foi capaz de restaurar, minimamente, a confiança do investidor no mercado, mas não foi o suficiente para diminuir substancialmente o desemprego e o desalento. Para que isso aconteça, o especialista defende a retomada do investimento e do crescimento do Brasil, atrelada à aplicação de recursos na educação, com um plano capaz de melhorar a qualificação dos profissionais.

O professor Marcelo Afonso Ribeiro, do Departamento de Psicologia Social e Trabalho do Instituto de Psicologia da USP, também abordou o desemprego, desalento e exclusão social a partir da perspectiva da psicologia social, na entrevista Desemprego causa impacto social e psicológico na população.

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