Ao estudar a tendência de consumo de carne na cidade de São Paulo, a nutricionista Aline Martins de Carvalho percebeu que grande parte da população consumia carne em excesso e que esse hábito estava relacionado a uma dieta de baixa qualidade e alto impacto ambiental. “Quando defendi o mestrado fiquei com uma angústia, porque não queria que isso ficasse apenas na biblioteca”. E assim surgiu a ideia do projeto Dia sem Carne na Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, iniciativa que levou o restaurante da unidade a oferecer, uma vez por mês, um cardápio sem carne durante o ano de 2012 – foram servidas cerca de 3 mil refeições sem carne, deixando de emitir quase 20 toneladas de gases de efeito estufa.
A proposta era debater alimentação e contribuir para que a reflexão sobre a comida colocada no prato se estendesse para além da faculdade. A iniciativa ganhou corpo com o apoio de alunos de graduação e pós-graduação e da professora Dirce Maria Lobo Marchioni e hoje renasce com um novo nome: SustentAREA – A Rede Alimentar. O projeto quer trazer uma visão global sobre alimentação, o que envolve toda a cadeia de produção até chegar no consumidor.
Além de dicas e informações publicadas nas mídias sociais do projeto, o que a equipe quer agora é atingir alunos de escolas públicas, desenvolvendo atividades que ajudem crianças e jovens a fazer melhores escolhas em relação ao que consomem diariamente. “Queremos estimular o engajamento e a reflexão sobre os hábitos alimentares. A ideia é trabalhar com 200 alunos, mas impactando 5 mil pessoas, com a divulgação entre amigos e familiares”, explica Aline, hoje doutoranda na FSP.
Realidade das escolas
Para financiar as atividades planejadas – rodas de conversa, oficinas de culinária, materiais educativos diversos – o grupo decidiu iniciar uma campanha de financiamento coletivo. A arrecadação, que terminou no último dia 7, superou a meta de R$ 6.050, que vai possibilitar o início das ações em junho.
O SustentAREA tem quatro pilares principais: redução do consumo de carne, aumento do consumo de frutas e hortaliças, consumo de produtos com baixo impacto ambiental e redução da ingestão de alimentos com alto teor de açúcar, gordura e sal.
Segundo Aline, que hoje desenvolve um estudo sobre consumo de carne e suscetibilidade para câncer, as atividades a serem desenvolvidas nas escolas não serão fechadas. O grupo quer verificar em cada uma delas quais os principais problemas identificados em relação à alimentação e, a partir daí, pensar em como trabalhar com alunos, professores, famílias e responsáveis pela preparação das merendas.
Se a meta de atingir 5 mil pessoas for alcançada, a equipe estima uma redução de 12 mil toneladas de gases estufa por ano. O impacto também é grande na saúde: a alimentação adequada faz cair consideravelmente o risco de doenças como diabetes, obesidade, câncer, além de doenças do coração.
Mais informações: site http://www.sustentarea.com.br/, email sustentarea@gmail.com