Trabalhar de maneira lúdica temas relacionados à ciência e tecnologia com jovens estudantes. Esta é a proposta do Ciência Web, um projeto criado em 2001 no Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP, polo São Carlos. De acordo com a coordenadora do Ciência Web e Professora Emérita do IEA, Yvonne Mascarenhas, no início, o projeto desenvolvia apenas trabalhos de interação direta em algumas escolas públicas da região, promovendo atividades complementares à educação dada em sala de aula. “Era uma maneira de tornar a escola mais atraente para os estudantes, melhorar o rendimento deles e, ao mesmo tempo, estimular os professores a utilizar técnicas mais interessantes, como multimídia”, afirma.
Com o tempo, ela percebeu a necessidade de utilizar instrumentos que fossem mais acessíveis para os professores e para os próprios alunos. Assim nasceu a Agência Multimídia de Difusão Científica e Educacional Ciência Web, um portal virtual direcionado a alunos do ensino médio no qual eles podem acessar diversos conteúdos relacionados à ciência. “Isso foi ótimo para a gente, porque mudou o nosso enfoque”, conta a professora. “Ao invés de ficarmos preocupados apenas com alguns professores, passamos a disponibilizar uma grande quantidade de material para quem quisesse consultar nosso portal e se inspirar.”
Na agência, estão disponíveis conteúdos em vídeo, texto e imagem, além de jogos educativos sobre diversos temas, como reciclagem, energia, matemática e animais. Em uma das seções, os alunos podem enviar perguntas sobre ciência e cotidiano que, depois, serão respondidas por especialistas do tema. Os visitantes do portal também podem conferir algumas das atividades realizadas pelo projeto nas próprias escolas.
A equipe da agência, como explica a professora, é composta tanto de profissionais formados quanto de estudantes. De acordo com ela, integram o grupo uma jornalista, alguns estudantes de graduação com bolsa de iniciação científica e alunos de ensino médio com bolsas de iniciação científica júnior. Além disso, o projeto conta também com o apoio de professores orientadores.
Segundo Yvonne, o portal foi importante para dar ao projeto um caráter mais amplo, porém o contato pessoal com a escola pública não foi deixado de lado.
“Com o apoio de projetos da Fapesp [Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo] ou do CNPq [Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico], nós conseguimos ter bolsistas que eram professores dessas escolas”, explica. “Então, pudemos introduzir um método de trabalho chamado de eixos transversais, que é quando um professor cria na escola um ambiente em que outras disciplinas além da dele contribuem para a realização de um projeto.”
Durante as atividades, os professores são orientados a trabalhar algum dos “temas do ano”, como meio ambiente, crise hídrica e outros assuntos que estão sendo debatidos pela sociedade naquele momento. Paralelamente, a equipe do Ciência Web realiza cursos com os educadores para capacitá-los a utilizar os recursos de informática disponíveis e ajudá-los a incluir, pouco a pouco, novas práticas de ensino.
Para Yvonne, o processo de documentação e difusão dos projetos realizados pelo Ciência Web por meio da agência é de extrema importância para difundir o conhecimento. “Eu acho que uma das coisas mais importantes é não deixar perder as experiências”, afirma. “E nada melhor do que documentar usando técnicas de informática, porque assim a experiência, além de ficar gravada, está à disposição de quem quiser olhar.”
Seminário
Além do uso da tecnologia, Yvonne diz que sempre considerou que museus e outros espaços não formais de aprendizagem também podem contribuir para o conhecimento dos alunos. Pensando em trazer os estudantes para fora da sala de aula, a Agência Multimídia de Difusão Científica e Educacional Ciência Web realiza o quinto Seminário do Ciência Web, no dia 19 de outubro, no qual procura discutir a importância de ambientes como planetários, jardins botânicos, zoológicos, aquários, unidades de ciência móvel e outros espaços de divulgação científica, cultural e tecnológica para a complementação do processo de ensino formal.
O evento é voltado principalmente para professores, coordenadores e outros gestores de escolas públicas, porém é gratuito e aberto a todos os interessados. De acordo com Yvonne, é importante que as pessoas reconheçam esses espaços não formais de difusão científica como um complemento para o aprendizado das crianças.
“A maioria das escolas não tem laboratórios. Os professores também não estão preparados para fazer experimentos”, pontua. “Então, esses espaços interativos são muito bons, porque ali realmente tem experimentos que as crianças podem ver. Além disso, se o museu for bem articulado, pode haver outras atividades, como visitas ou palestras. É muito valioso que as crianças frequentem esses lugares.”
O seminário ocorre das 8 às 17 horas, no Auditório do Centro de Divulgação Científica e Cultural (CDCC) da USP, que fica na Rua Nove de Julho, 1227, em São Carlos. Para fazer as inscrições e conferir a programação completa, acesse o portal do evento.
Mais informações: email agenciacienciaweb@gmail.com